Este post foi publicado originalmente no WRI Insights.

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As negociações da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22) terminaram hoje em Marrakech com os países participantes concordando em finalizar até 2018 as regras para a implementação do Acordo de Paris.

Abaixo, leia o parecer de Paula Caballero, Diretora Global do Programa de Clima do WRI:

"As discussões de Marrakech confirmam o comprometimento das lideranças mundiais com a ação climática. As delegações que estiveram no Marrocos nas últimas semanas progrediram substancialmente na construção das bases de apoio ao Acordo de Paris, que entrou em vigor poucos dias antes da COP22. Mais importante, os negociadores concordaram em finalizar, até 2018, as regras que guiarão a implementação do Acordo e desenvolveram um roteiro para que o prazo seja cumprido. Com esse documento em mãos, a Conferência de 2018 oferecerá as condições necessárias para que os países avancem seus planos climáticos nacionais.

Notavelmente, a primeira decisão permanente no âmbito do Acordo de Paris foi que este deveria ser financiado pelo Fundo de Adaptação, para o qual Alemanha, Itália, Suécia e Bélgica contribuíram juntos com US$ 81 milhões. As negociações em Marrakech também enfatizaram a importância de ampliar o apoio aos países em desenvolvimento no que diz respeito às mudanças climáticas, particularmente em questões de adaptação. A fim de manter a confiança, os países desenvolvidos devem continuar a levantar fundos, em consonância com o comprometimento de US$ 100 bilhões até 2020.

Não é possível ignorar que a eleição de Donald Trump reverberou nas salas de discussões da COP22, mas as delegações avançaram o debate com um forte espírito de determinação. Nenhum país voltou atrás em seus comprometimentos com a ação climática. Ao contrário, nos poucos dias que se seguiram à eleição, Austrália, Botsuana, Japão, Paquistão e Itália, entre outros, juntaram-se ao Acordo de Paris. O apoio à ação pelo clima permanece inabalável.

Para além das negociações, o progresso climático também está progredindo. O lançamento da Parceria NDC reuniu 33 países e nove institutos internacionais para acelerar a ação climática e promover o desenvolvimento sustentável. Marrocos, país que é co-presidente da Parceria NDC e presidente da COP22, merece reconhecimento especial por sua liderança firme e efetiva. Além disso, quatro países - Estados Unidos, Canadá, México e Alemanha - apresentaram estratégias sérias para a redução de emissões até o meio deste século.

Os governos nacionais não foram os únicos a tomar uma visão de longo prazo em Marrakech. A partir desta semana, 200 empresas que representam US$ 4,8 trilhões em valor de mercado, entre elas estão Wal-Mart, Mars Inc. e Sony, apresentaram metas de redução de emissões alinhadas com a ciência.

As mudanças climáticas claramente passaram de uma questão fechada para se inserir no centro das relações internacionais. No ano passado, 195 países adotaram o Acordo de Paris, um dos pontos mais brilhantes da cooperação global na memória recente. Com a expansão dos riscos climáticos e as oportunidades para expandir o desenvolvimento sustentável, a comunidade global continua plenamente empenhada para seu sucesso.

Na COP22, houve o reconhecimento crescente de que os países não alcançarão seus objetivos de desenvolvimento sustentável sem abordar a mudança climática, nem a mudança climática poder ser tratada sem promover o desenvolvimento sustentável. O bem-estar contínuo de nossas sociedades e economias exige ação urgente por um mundo resiliente e livre de carbono."