Este post foi escrito por Paula Tanscheit e originalmente publicado no TheCityFix Brasil.

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"Como mulheres, sabemos muito bem que os poderosos frequentemente tentam silenciar nossas vozes quando falamos em proteger os mais vulneráveis em nossas comunidades. Estamos aqui hoje para mostrar que nos recusamos a ser silenciadas. Ao redor do mundo, nas prefeituras, em quadros corporativos e nas ruas de nossas cidades, as mulheres exigem ações para proteger o planeta das ameaças das mudanças climáticas."

Com essas palavras a prefeita de Paris e líder do Grupo de Liderança Climática de Cidades (C40), Anne Hidalgo, celebrou o lançamento oficial da Women4Climate, iniciativa dedicada ao incentivo e crescimento das mulheres nas cidades que fazem parte do C40, rede mundial das 90 maiores cidades comprometidas com o combate ao aquecimento global.

O Acordo de Paris, até então o maior compromisso assumido para frear o aquecimento global, foi na realidade concebido por um grupo de mulheres – detalhe que não ganhou tanto destaque nas notícias. A história dos bastidores da negociação contou com o papel fundamental de Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC); de Ségolène Royal, ministra francesa do meio ambiente; e de Laurence Tubiana, embaixadora da França nas negociações sobre mudanças climáticas.

Essa é apenas uma entre tantas histórias que podem inspirar e impulsionar ações de lideranças femininas a seguirem seus trabalhos. E é isso que a Women4Climate quer contar. Mais do que isso, a iniciativa pede que – por inúmeras razões, mas também porque as mulheres são ainda mais vulneráveis às mudanças climáticas – os chefes de Estado reconheçam esse trabalho e sistematicamente envolvam as mulheres na criação de políticas de baixo carbono.

Um estudo realizado pelo United Nations Population Fund analisou a relação entre as mudanças climáticas e as mulheres e concluiu que a maior vulnerabilidade feminina quanto a isso está nas barreiras sociais, econômicas e políticas que limitam sua capacidade de reação. O relatório afirma que, estatisticamente, desastres naturais tendem a matar mais mulheres do que homens. A participação feminina nas tomadas de decisão referentes às crises geradas pelas mudanças climáticas é de crucial importância para que sejam elaboradas estratégias sensíveis às questões de gênero.

Em dois anos, o número de prefeitas das cidades-membro do C40 passou de quatro para 15, representando 100 milhões de pessoas. A Women4Climate vai oferecer orientação e suporte às mulheres envolvidas na iniciativa e seus projetos de sustentabilidade. O programa é voltado às líderes de cidades e também de organizações da sociedade civil. Em paralelo, o C40 desenvolverá pesquisas para suprir a falta de informações sobre as questões que envolvem gênero, cidades e clima.

Confira o que as prefeitas de Paris, Barcelona, Madrid, Roma, Cape Town, Bangalore, Tóquio, Yokohama, Washington D.C., Varsóvia, Basileia, Estocolmo, Sydney, Caracas e Durban têm a dizer sobre a representatividade da mulher em cargos de poder e na defesa ao futuro do planeta.

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