Até o dia 14 de agosto, pesquisadoras do WRI Brasil promovem ciclo de debates e workshops com especialistas e lideranças sobre a agricultura de baixo carbono, o uso de mudas nativas para o reflorestamento e a participação de lideranças femininas na cadeia de restauração florestal no Pará. Acompanhe no blog.


Experiências vividas em outros países e projetos envolvendo mulheres e restauração de florestas em outros biomas foram discutidos nesta terça-feira (08) por acadêmicos, gestores públicos, estudantes, pesquisadores e representantes de organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente durante o Seminário Internacional Clima, Gênero e Restauração Florestal.

Promovido pelo WRI Brasil, o evento aconteceu na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), e teve o apoio da Aliança pela Restauração na Amazônia.

“Já vivemos as alterações climáticas. As mulheres que trabalham no campo são, em particular, as mais vulneráveis”, destacou Rachel Biderman, diretora-executiva do WRI Brasil, na abertura do seminário.

Uma em cada quatro famílias rurais é chefiada por mulheres. As lideranças femininas têm presença desde a coleta de sementes à produção de mudas na Amazônia.

De acordo com o Secretário de Municípios Verdes do Pará, Justiniano Netto, o potencial de restauração florestal no estado é grande: cerca 1 milhão de hectares de Reserva Legal (vegetação nativa obrigatória em propriedades privadas) e 800 mil hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), que compreendem margens de rios e lagos e topos de morros, entre outros.

"O papel das florestas no equilíbrio climático é conhecido do ponto de vista das emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas do desmatamento. O outro lado da moeda, que é a agenda positiva, diz respeito à absorção, ao sequestro de carbono e ao plantio florestal. O Brasil ainda não se deu conta desse potencial,” afirmou Rachel.

Além de ajudar no orçamento familiar, o negócio da restauração pode abrir portas para reduzir a desigualdade histórica das mulheres rurais. Estudos sobre o papel feminino na cadeia da restauração ainda são poucos e é preciso aprofundar o mapeamento dessas iniciativas. Esse foi o tema de uma das oficinas realizadas no seminário. A especialista de Florestas do World Resources Institute (WRI), Kathleen Buckingham, ensinou como identificar as redes e os atores para a restauração florestal.

Carlos Nobre palestrando com microfone

Senior fellow do WRI Brasil, Carlos Nobre (Foto: Nick Elmoor)

O senior fellow do WRI Brasil e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia e Mudanças Climáticas (INCT-MC), Carlos Nobre, ressaltou que as mulheres brasileiras ultrapassam os homens em todas as faixas no quesito educação, mas que, no Pará, ainda têm uma renda média comparativa 70% menor. Como saída para promover o desenvolvimento sustentável na região, Nobre defendeu “juntar inovações da quarta revolução industrial com ativos biológicos”. Para explicar os argumentos, citou como exemplo a biodiversidade amazônica. Com 16 mil espécies de árvores nativas, até pouco tempo não se tinha uma única espécie com valor comercial. Ele acredita que Sistemas Agroflorestais (SAFs) possam agregar a restauração de florestas como um dos seus mecanismos produtivos.

“Acabar com o desmatamento não é suficiente. É preciso plantar também”, sustentou Rachel. Para ela, a situação climática do planeta exige a aplicação de todas as alternativas conhecidas.

Adaptada pelo WRI Brasil às condições tropicais brasileiras, a ferramenta GHG Protocolo Agropecuário permite que produtores calculem as emissões de GEE em suas propriedades rurais.

No dia 14 de agosto, um treinamento para pecuaristas, agricultores, empresários, extensionistas e gestores públicos será realizado na 47ª Feira Agropecuária de Paragominas (Agropec), uma das maiores do Pará. As inscrições – e a ferramenta – são gratuitas. Acesse http://bitly.com/SeminarioGHG.