O Brasil se comprometeu com uma meta ousada em restauração florestal: são 12 milhões de hectares de paisagens e florestas até 2030. Essa meta foi recebida com aplausos quando oficializada perante a comunidade internacional, no Acordo de Paris, mas também houve um saudável ceticismo: será que temos dinheiro para fazer tanto? Existe expertise para colocar esse projetos em pé?

Nesta terça-feira (7), uma reunião em São Paulo procurou responder essas duas questões. O WRI Brasil e a Iniciativa 20x20 – uma parceria entre 17 países latino-americanos que prevê a restauração de 20 milhões de hectares no continente até 2020 – colocaram juntos grandes fundos de investimento brasileiros e internacionais, interessados em investir em restauração, e empreendedores e produtores brasileiros, que têm projetos sólidos de restauração para fins comerciais e ecológicos. O resultado foi uma rodada de investimentos para conectar as duas pontas da restauração: aqueles que têm dinheiro para financiar os plantios e aqueles que estão em campo, preparados para enfrentar o desafio da restauração.

Uma rodada de investimentos é uma inovação no setor florestal. Esse tipo de evento é comum entre startups na área de tecnologia, quando empreendedores com projetos promissores apresentam suas ideias para financiadores. No setor, é a primeira vez que acontece no Brasil, seguindo exemplos que a Iniciativa 20x20 promoveu em outros países da América Latina, como Guatemala, Colômbia e Peru.

Há dinheiro e há projetos

A rodada de investimentos mostra, antes de mais nada, que há dinheiro disponível para financiar projetos de restauração. A Iniciativa 20x20 conseguiu mobilizar fundos de investimento em todo o mundo, comprometidos a investir um total de US$ 2,6 bilhões em projetos de restauração na América Latina. A reunião de terça é uma oportunidade para trazer parte desses recursos para o Brasil. Estiveram presentes seis fundos de investimento interessados em conhecer projetos de restauração no Brasil.

Assim como os financiadores, também os empreendedores e produtores brasileiros compareceram. Nove empresas apresentaram projetos em seis estados diferentes – em áreas tão diferentes como São Paulo, Mato Grosso ou Goiás, para ficar em três exemplos – que, juntos, somam a possibilidade de restaurar cerca de 17 mil hectares. São propostas de fazer plantio de agrofloresta, integração lavoura-pecuária-floresta, reflorestamento de espécies nativas comerciais, entre outros.

<p>Participantes da Rodada de Investimento em São Paulo</p>

Participantes da Rodada de Investimento em São Paulo (foto: WRI Brasil)

Plantar florestas é viável economicamente

Uma rodada de investimentos desse porte mostra que o Brasil está dando passos certos para dar escala a projetos de restauração florestal. Para isso, a participação da iniciativa privada é fundamental.

O maior incentivo para o setor privado é que os projetos sejam viáveis economicamente e tragam retorno do investimento. O WRI Brasil, por meio do projeto VERENA - Valorização Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas, estuda as formas de plantios, espécies e consórcios para a restauração. O VERENA mostra que o plantio de espécies nativas pode trazer retorno econômico para investidores e produtores rurais, criando uma grande oportunidade de geração de renda e riqueza no campo e, ao mesmo tempo, aumentando a cobertura florestal do país.