Em 2017, o presidente americano Donald Trump anunciou a intenção de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, o acordo assinado na capital francesa em que os países se comprometem a reduzir emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) para limitar o aquecimento global. O anúncio surpreendeu a comunidade internacional, já que os Estados Unidos são o segundo maior emissor de GEE. Mas houve reação por parte da sociedade civil americana. Para preencher a lacuna, cidades e estados americanos, empresas e organizações do país disseram que iriam agir mesmo sem o apoio do governo federal.

Será que cidades e empresas conseguem suprir a lacuna deixada pelo governo federal? Um estudo publicado na semana passada por WRI, Universidade de Maryland e Rocky Mountain Institute, entre outros, mostrou sinais bem claros para otimismo. Segundo o relatório, cidades, estados e empresas conseguirão cumprir dois terços da meta original de redução de emissões dos Estados Unidos até 2025.

O compromisso original dos EUA no Acordo de Paris era reduzir de 26% a 28% suas emissões de gases de efeito estufa até 2025. O estudo identificou que os americanos já estão no meio do caminho. Entre 2005 e 2016, houve uma redução de 12%. Somado aos compromissos das cidades e empresas já em ação, essa redução chegará a 17% – os dois terços da meta. Além disso, o estudo elenca 10 medidas que podem ser adotadas de forma imediata e que poderiam levar a uma redução ainda maior – até 24% das emissões, deixando o país bem próximo de cumprir a sua meta. Mesmo se Donald Trump não fizer nada.

O caminho das pedras

As 10 medidas sugeridas pelo estudo se aplicam, inicialmente, ao contexto dos Estados Unidos. Porém muitas delas podem ser aplicadas a outros países. Por exemplo, há recomendações para a área de energia que podem ser facilmente replicadas, como a proposta de expandir o uso de energias renováveis, como eólicas e solar, e encorajar medidas de eficiência energética nas residências. Também há a recomendação de acelerar a adoção de veículos elétricos.

Muitas das recomendações fazem sentido econômico, como acabar com vazamentos nas usinas e nas cidades. Há uma proposta de criar um preço para o carbono, e também a ideia de desenvolver uma infraestrutural natural, com plantio de florestas e restauração de áreas naturais para captura de carbono.

Para saber mais sobre as descobertas do relatório e o impacto das medidas alheias ao governo federal dos Estados Unidos, veja este blog produzido pela equipe global do WRI.

Brasil pode aprender

Apesar de ser focado nos Estados Unidos, o Brasil pode tirar uma lição importante do estudo. A de que a sociedade, reunida em cidades, empresas e organizações, também pode atuar para conter as mudanças climáticas extremas. Isso não tira a importância do governo federal brasileiro, e há uma série de propostas para que os candidatos a presidente possam melhorar nossas políticas de mitigação do aquecimento global e de restauração florestal. Mas mostra que outros atores podem também ser cruciais.