Nossas escolhas geram impactos. Não só no ambiente à nossa volta, mas em uma escala muito maior. Já faz algumas décadas que a maior parte da população brasileira é urbana: o ponto da virada foi em 1964, e hoje 86% dos brasileiros vivem em áreas urbanas. Muitas vezes, porém, em meio às demandas e atividades características da vida nas cidades, esquecemos ou não temos noção do quanto interferimos no meio ambiente.

As mudanças climáticas e seus efeitos cada vez mais frequentes e extremos evidenciam que precisamos retomar uma relação mais harmônica com o planeta. Afinal, ele ainda é o único lugar onde podemos viver. Pensando nisso, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura lançou um documento no qual apresenta sua visão de futuro para as próximas décadas. A versão resumida esta disponível aqui.

O movimento tem um objetivo principal,

promover o uso harmônico, inclusivo e sustentável da terra no Brasil,

ao qual estão atrelados quatro pilares estabelecidos pela Coalizão:

  • Produzir mais e melhor, por meio da agropecuária e da silvicultura

  • Criar valor e gerar benefícios a partir da floresta nativa

  • Acabar com o desmatamento

  • Viabilizar políticas públicas de estado e construir instrumentos econômicos alinhados e integrados

Nossa responsabilidade

Diante dos desafios impostos pelas mudanças no clima, o Brasil tem uma enorme responsabilidade. Pelas proporções de seu território (quinto maior do mundo em extensão), pela cobertura florestal (lar da maior floresta tropical do planeta e de uma biodiversidade que contempla 20% das espécies existentes no mundo), pelos recursos naturais abundantes, mas também pelas emissões (hoje somos o sétimo maior emissor) e pelo desmatamento, o país precisa ser uma liderança.

Hoje, o desmatamento e a agropecuária representam cerca de dois terços das emissões nacionais de carbono. Porém, por meio da implementação de boas práticas no setor e da restauração florestal, é possível reverter essa realidade sem abrir mão de ganhos econômicos.

Conforme destacado pelo documento, conciliar as políticas públicas voltadas à proteção do meio ambiente e à produção agropecuária é o primeiro passo nesse caminho. Outro passo importante é a cooperação entre os diferentes atores sociais e produtivos que interferem no uso do solo, nos territórios e nas paisagens.

Como chegar lá

A visão estabelecida pela Coalizão está baseada em ativos reais: de um lado, mecanismos e ações já testados e em andamento. De outro, instrumentos econômicos e políticas públicas que podem ser criadas ou complementadas. Confira abaixo os cenários traçados para as décadas de 2030 e 2050.

Produzir mais e melhor, por meio da agropecuária e da silvicultura

Visão 2030 Visão 2050
O Plano ABC, com ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas relacionadas à agropecuária, terá avançado significativamente. Práticas produtivas sustentáveis serão a regra, como a intensificação da produção em áreas degradadas e o uso técnicas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
O Plano Safra, uma das principais fontes de crédito do produtor rural brasileiro, terá seu portfólio totalmente vinculado a práticas de baixa emissão de carbono. O Código Florestal estará implementado em todo o território nacional.

Criar valor e gerar benefícios a partir da floresta nativa

Visão 2030 Visão 2050
A exploração ilegal das florestas será residual. O Brasil contará com uma economia florestal baseada em espécies nativas.
A silvicultura com espécies nativas será uma atividade economicamente relevante no país. A área brasileira de florestas conservadas, restauradas, plantadas e de manejo terá sido ampliada para além do mínimo estabelecido pela legislação.

Acabar com o desmatamento

Visão 2030 Visão 2050
O desmatamento ilegal será parte do passado. O país estará engajado em eliminar o desmatamento de forma geral. O desmatamento será, finalmente, eliminado de todos os biomas brasileiros.
Haverá transparência total e ativa de dados que auxiliam no controle do desmatamento. Toda a expansão da agropecuária e da silvicultura acontecerá em áreas já desmatadas.

Viabilizar políticas públicas de estado e construir instrumentos econômicos alinhados e integrados

Visão 2030 Visão 2050
A economia de baixo carbono se desenvolverá sem comprometer a manutenção do equilíbrio fiscal. O Brasil será um dos principais destinos mundiais de investimentos na economia de baixo carbono e em biodiversidade.
O Brasil terá cumprido todas as metas assumidas no Acordo de Paris, considerando o aumento da ambição previsto para 2020. O Brasil será líder pelo exemplo do processo global de redução das emissões de carbono.

Sobre a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento multissetorial, composto por entidades que lideram o agronegócio no Brasil, as principais organizações civis da área de meio ambiente e clima, representantes do meio acadêmico, entre outros, somando mais de 180 membros.

A Coalizão atua para que o país seja protagonista global de um novo modelo de desenvolvimento, mais próspero, justo e sustentável. Para isso, se propõe a contribuir com o governo brasileiro, promover o diálogo aberto com diferentes entidades e empresas e estabelecer alianças de cooperação internacional, de forma a viabilizar a economia de baixo carbono.