O GHG Protocol (sigla para Protocolo de Gases de Efeito Estufa em inglês) lançou novas diretrizes para auxiliar empresas agropecuárias a mensurarem e gerenciarem suas emissões de GEE na agricultura e na pecuária. São as primeiras diretrizes internacionais para o setor e ajudarão nos esforços de mitigar seu impacto ambiental.

Mas o que são exatamente as emissões agropecuárias e por que é importante reduzi-las?

1) Quanto de emissões de gases de efeito estufa são gerados pela agropecuária?

As fazendas emitiram seis bilhões de toneladas de GEE em 2011 - cerca de 13% do total global de emissões. Isso faz do setor o segundo maior emissor, atrás apenas do setor de energia (que inclui emissões de geração de energia e de transporte).

2) De onde vêm as emissões das fazendas?

A maior parte das emissões relacionadas a fazendas tem origem no metano (CH4) e no óxido nitroso (N2O). Arrotos de gado (CH4), adição de fertilizantes sintéticos e resíduos em solos (N2O) representam as maiores fontes - até 65% das emissões globais de emissões. Outras fontes incluem gestão de estrume, cultivo de arroz, queimada de restos de plantações e uso de combustíveis em propriedades rurais. No nível da fazenda, o tamanho relativo de diferentes fontes varia bastante dependendo do tipo de cultura, das práticas empregadas e de fatores naturais como clima, topografia e hidrologia.

 

Esta imagem representa a variedade de fontes de emissões em fazendas. Font: Relatório do IPCC

3) Que países produzem mais emissões agropecuárias?

Os dez países com maiores emissões em 2011 foram (em ordem descendente): China, Brasil, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Rússia, República Democrática do Congo, Argentina, Mianmar e Paquistão. Juntos, esses países contribuem com 51% das emissões produzidas na agropecuária.

4) As emissões globais na agropecuária estão mudando?

De 1990 a 2010, as emissões globais causadas pelo setor aumentaram 8%. A projeção é que cresçam 15% até 2030, em comparação com os níveis de 2010. Em 2030, devem chegar a quase sete bilhões de toneladas por ano.

Esses aumentos são em grande parte causados pelo crescimento da população e por mudanças na dieta e preferências alimentares das economias em desenvolvimento. As emissões do setor terão maior crescimento na Ásia e na África Subsaariana, que serão responsáveis por dois terços do aumento na demanda total de alimentos na primeira metade do século 21. A produção de óleos vegetais e produtos de origem animal – que têm uma alta intensidade de GEE – deve ser a que mais vai crescer entre os produtos agropecuários.

5) Como a produção agropecuária está ligada à mudança no uso da terra?

Uso da terra e silvicultura (LUCF) causaram 4% das emissões globais em 2010 e 14% das emissões globais agregadas entre 1990 e 2011. A maioria destas emissões está intimamente ligada ao setor agropecuário, já que muitas resultaram de desmatamento causado pela expansão de fazendas em florestas tropicais. Em contraste, estoques de floresta estão crescendo em várias regiões não tropicais (América do Norte e China, por exemplo), em consequência de reflorestamento em áreas anteriormente utilizadas para agropecuária.

 

Padrões regionais de ganhos e perdas de florestas, muitos dos quais estão intimamente relacionados à agropecuária. Fonte: World Resources Report: Creating a Sustainable Food Future

6) A maioria das fazendas comerciais calculam e gerenciam suas emissões de GEE?

Nosso conhecimento de emissões de GEE provenientes da atividade agropecuária dentro de uma determinada região resulta da combinação de dados sobre a produção e de estudos de campo de fontes individuais de emissão. Porém, a maioria das fazendas não calcula suas emissões – dificultando para elas determinar como reduzi-las. Por exemplo, somente um quarto dos produtores agropecuários que responderam ao questionário do CDP (ONG que publica informações sobre gestão empresarial de emissões) disseram que reportam suas emissões de GEE. Uma das razões para esta falta relatórios é a incerteza em relação à forma com que as empresas deveriam desenvolver inventários de suas emissões agropecuárias.

7) Quais são as maiores oportunidades para reduzir emissões na agropecuária?

Mudanças nas práticas e na demanda por alimentos oferecem grandes oportunidades. Do lado da oferta, práticas de gerenciamento da produção: melhoramento do uso de fertilizantes e conservação e proteção do solo na preparação para o cultivo oferecem a maior redução potencial, com custos relativamente baixos. Melhor gestão de pastagens como uso de rotação de pastos e alteração na composição da forragem, assim como a recuperação de áreas degradadas são igualmente importantes.

Já do lado da demanda, reduzir o consumo de carne e particularmente da carne bovina oferece o melhor potencial para redução de emissões. Pesquisas recentes do WRI mostram que em torno de 24% de todas as calorias produzidas atualmente para consumo humano são desperdiçadas ou perdidas na cadeia de produção de alimentos. Portanto, a redução dessas perdas pode também ter um papel importante.

 

8) Como as novas Diretrizes do GHG Protocol podem ajudar os produtores a reduzir suas emissões?

Para gerenciar bem suas emissões de GEE, as fazendas primeiro precisam saber o quanto estão emitindo. As novas diretrizes ajudam as empresas a entender que fontes de emissão incluir nos seus inventários e como estas emissões devem ser reportadas. Desta forma, as diretrizes podem auxiliar em uma gama de atividades de gestão – incluindo a identificação de oportunidades de redução de GEE, a criação de metas para redução, monitoramento de performance e envio de relatórios a programas como CDP.

  • APRENDA MAIS: BAIXE as Diretrizes de Cálculo para Gestão de GEE no setor agropecuário (em inglês).