Parte desse artigo foi escrito por Andrew Wu e postado originalmente em WRI.org.


Mais de dois bilhões de hectares de áreas degradadas e desmatadas esperam por restauração ao redor do mundo. Os benefícios econômicos anuais de restaurar esses terrenos são estimados em 84 bilhões de dólares. À medida que o contexto econômico da restauração de paisagens avança – uma nova economia da restauração –, potenciais investidores estão intrigados com quanto retorno financeiro a restauração pode oferecer.

Investir em restauração de paisagens pode parecer diferente de comprar um título ou negociar ações, mas a estrutura principal é a mesma. Projetos de restauração, assim como investimentos convencionais, também geram rendimentos e ganhos de capital.

Rendimentos se refere a pagamentos regulares obtidos através de um investimento. Investimentos em restauração podem fornecer ganhos de diversas maneiras, incluindo vendas periódicas de fibras de madeira sustentáveis até receitas anuais de ecoturismo. Por exemplo, o estudo de uma concessão de restauração florestal na Indonésia procurou quantificar os benefícios econômicos de proprietários locais. Dependendo do grupo étnico e a sua associação de dependência com florestas, o estudo descobriu que proprietários ganham entre US$ 455 e US$ 663 por ano com a venda de diversos produtos florestais, incluindo borracha, mel e vime.

Além disso, investimentos entregam retornos através de ganhos de capital – lucros da venda do ativo que aumentam de valor ao longo do tempo. Projetos de restauração melhoram a produtividade da terra ao melhorar a qualidade do solo e da água, por exemplo, aumentando o valor da terra e as oportunidades para ganhos de capital. Em um estudo sobre os impactos do valor da terra na restauração de áreas úmidas na Carolina do Norte, Estados Unidos, essas áreas demonstraram gerar um efeito positivo significativo nas propriedades adjacentes, aumentando preços de venda de imóveis em US$ 3.100 em comparação às propriedades sem áreas úmidas próximas.

Se considerarmos apenas os rendimentos de projetos de restauração através da venda de bens e serviços – como madeira ou créditos de carbono – arriscamos menosprezar os retornos de ganhos de capital recorrentes da melhora na qualidade do solo. A medida em que restauração desponta como uma oportunidade promissora de investimentos, é importante considerar ambos os tipos de retornos para entender o verdadeiro potencial de áreas restauradas.

Restauração no Brasil

O Brasil comprometeu-se em restaurar 12 milhões de hectares de florestas e paisagens até 2030 como parte de sua meta climática no Acordo de Paris. Além disso, o governo federal e várias empresas e governos estaduais aderiram à Iniciativa 20x20, uma parceria entre países e organizações da América Latina para restaurar 20 milhões de hectares no continente até 2020. O WRI Brasil trabalha para fortalecer os programas de restauração de governos e empresas para que essas metas possam ser atingidas.

Uma das formas de fazer isso é demonstrar o retorno econômico de projetos de restauração de empresas e produtores brasileiros. O Projeto VERENA - Valorização Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas – busca mostrar que o plantio de espécies nativas pode trazer retorno econômico para investidores e produtores rurais, criando uma grande oportunidade de geração de renda e riqueza no campo e, ao mesmo tempo, aumentando a cobertura florestal do país.

Outra linha importante de trabalho do WRI Brasil estuda como podemos fortalecer a infraestrutura natural para a água. São análises que avaliam a importância de restaurar florestas em áreas de nascentes, cabeceiras e bacias que hoje sofrem com secas. Plantar florestas – ao lado da infraestrutura tradicional – pode melhorar a qualidade da água e tornar regiões mais resilientes a climas extremos.

Também há um importante componente de igualdade nos projetos de restauração apoiados pelo WRI Brasil. Em Pintadas, na Bahia, o WRI Brasil trabalha em parceria com redes locais para melhorar a produção dos pequenos produtores, por meio de restauração de árvores frutíferas e Sistemas Agroflorestais (SAFs), e ao mesmo tempo promove o empoderamento das mulheres da região por meio do empreendedorismo.