Posicionamento de Andrew Steer, CEO e Presidente do World Resources Institute, sobre a pandemia do novo coronavírus:

"A pandemia global de contágio e medo que estamos enfrentando causa doença, mortes e dificuldades econômicas em todo o mundo – e certamente ficará pior antes de melhorar. A situação está lembrando a todos como somos profundamente vulneráveis a ameaças que fogem do nosso controle. É possível que isso leve a um questionamento de antigas suposições e comportamentos, assim como a uma maior abertura para argumentações sobre ações coletivas e gerenciamento eficaz de riscos.

Essa visão embasa a resposta do WRI à pandemia, que tem três pilares. Estamos protegendo nossa equipe e suas famílias em toda a rede global. Estamos fortalecendo a maneira como operamos no mundo virtual, internamente e com nossos parceiros, para que possamos cumprir nossa missão neste ano muito importante. E estamos reavaliando nossas atividades para ajudar a garantir que a resposta do mundo à crise do COVID-19 e a outros riscos leve a um futuro mais seguro e resiliente.

Nossa prioridade: a segurança da nossa equipe. Os esforços para proteger a nossa equipe e suas famílias do vírus começaram em janeiro, quando o WRI China tornou o trabalho em casa obrigatório. Como o vírus se espalhou internacionalmente, tomamos medidas semelhantes para toda a rede, que agora está trabalhando em casa. Com a melhoria da situação na China, nossa equipe de Pequim está avaliando quando voltar ao escritório. Todos os eventos promovidos pelo WRI estão sendo transferidos, realizados online ou adiados.

Novas maneiras de operar. A equipe do WRI vive e trabalha em 19 fusos horários diferentes – o que nos deu muita experiência no uso da tecnologia como ferramenta para vencer o tempo e a distância. Como muitos, estamos aprendendo rapidamente a usar novas tecnologias com maior eficiência para engajar nossos parceiros e garantir que nosso trabalho tenha o máximo impacto. Nas próximas semanas, colocaremos em prática essas habilidades, ao lado de nossos parceiros, para encontrar novas maneiras de unir as pessoas e formar coalizões poderosas em prol da mudança neste ano tão importante.

Construindo economias e sociedades mais resilientes. Crises podem unir as pessoas ou separá-las. Elas podem gerar cinismo e perda de confiança nas instituições, ou levar a uma compreensão mais profunda dos riscos e à determinação de "reconstruir da forma certa". Por exemplo, centenas de bilhões de dólares serão gastos nos próximos meses no resgate de economias em declínio. Esses investimentos podem simplesmente recuperar as economias de alto carbono, marcadas pela desigualdade, ou podem ajudar a impulsionar o desenvolvimento de baixo carbono e proteger a todos contra as ameaças que já existem.

De maneira mais ampla, a crise deve resultar em uma avaliação muito melhor dos riscos, e essas avaliações, por sua vez, devem direcionar políticas e orçamentos. O WRI lançará novos trabalhos nessas áreas e fará o possível para garantir que as lições dessa crise não sejam perdidas. Como exemplo, estamos usando nosso conhecimento sobre pacotes econômicos de estímulo do passado ​​para identificar medidas que intensificariam o crescimento com redução da pobreza e promoveriam a proteção climática. Diante de uma crise global de saúde e de uma crise global do clima, o mundo não pode se dar ao luxo de escolher apenas uma: os líderes devem encontrar uma maneira de abordar as duas emergências simultaneamente. Nós, no WRI, nos comprometemos a trabalhar com nossos parceiros para descobrir como fazê-lo.

Nosso compromisso: era para 2020 ser um ano de decisões internacionais cruciais sobre clima, biodiversidade e oceano. A enorme perturbação econômica e humana causada pela pandemia do COVID-19 – com fechamento de escritórios, políticos pressionados, crise econômica e tristeza generalizada – pode tornar o progresso nessas áreas muito mais difícil. Mas, em um nível mais profundo, é possível que essa situação abra as portas para as mudanças sistêmicas que o mundo precisa. Nossa esperança é que, com a liderança certa, essa crise possa estimular cidadãos, políticos e líderes corporativos a abraçar uma nova maneira de tratar dos negócios – um novo contrato social fundado no compromisso de aumentar o apoio aos vulneráveis, proteger os sistemas naturais dos quais todos dependemos e adotar ação coletiva mais eficaz para lidar com as ameaças comuns. É nesse sentido que trabalharemos".