Este post foi publicado originalmente no WRI Insights.


As emissões globais anuais de gases de efeito estufa cresceram 41% desde 1990 e ainda estão aumentando. Embora as emissões tenham caído substancialmente em 2016, dados recentes sugerem que as emissões de dióxido de carbono têm aumentado a cada ano desde então.

De onde vêm essas emissões e de quem é a responsabilidade? A plataforma ClimateWatch do WRI oferece dados abrangentes de emissões para todos os países, setores e gases. Aqui está o que sabemos sobre os setores e países que impulsionam as emissões de gases de efeito estufa globalmente:

Setor de energia é o maior emissor de gases de efeito estufa

O consumo de energia é de longe a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa causadas por seres humanos, responsável por 73% das emissões mundiais. O setor de energia inclui transporte, eletricidade e geração de calor, edifícios, fabricação e construção, emissões fugitivas e outras queimas de combustível.

Os outros principais emissores são: agropecuária (12%); uso da terra, mudança no uso da terra e silvicultura (6,5%); processos industriais de produtos químicos, cimento e outros (5,6%); e resíduos, incluindo aterros e águas residuais (3,2%).

No setor de energia, a geração de calor e eletricidade é responsável pela maior parte das emissões (15 GtCO2e em 2016, ou 30% do total de emissões de gases de efeito estufa), seguida por transporte (7,9 GtCO2e em 2016, ou 15% do total de emissões) e fabricação e construção (6,1 GtCO2e, ou 12% do total de emissões).

 

No gráfico acima, passe o mouse na coluna da esquerda para navegar por setor; na do meio para navegar por finalidade; na esquerda, pelas emissões resultantes. Veja uma versão estática deste gráfico aqui.

Edifícios e carros são principais emissores em energia

A coluna do meio do gráfico acima mostra as emissões por atividades de uso final, detalhando as atividades específicas das quais as emissões derivam. As atividades que geram a maioria das emissões de energia incluem transporte rodoviário (11,9% do total de emissões), edifícios residenciais (10,9% do total de emissões) e edifícios comerciais (6,6% do total de emissões). As emissões dessas atividades incluem tanto as emissões diretas da queima de combustíveis fósseis quanto as indiretas, como o uso de eletricidade.

A “Outra indústria” (“Other industry”) abrange uma ampla gama de atividades, incluindo metais não metálicos, construção, mineração e pedreiras, têxtil e couro, madeira e produtos de madeira, equipamentos de transporte e muito mais. Essas atividades consomem coletivamente uma grande porção de combustíveis fósseis e eletricidade e, portanto, produzem uma grande parcela de emissões.

Indústria e Transporte são fontes que mais crescem

Desde 1990, três setores se destacam como as fontes que mais crescem nas emissões de gases de efeito estufa: os processos industriais cresceram 174%, o transporte (subsetor de energia), 71%, e a fabricação e construção (também subsetor de energia), 55%. O crescimento das emissões industriais decorre principalmente do aumento do uso de refrigeração e ar condicionado, que produz hidrofluorcarbonetos (HFCs), potentes gases de efeito estufa. O aumento do deslocamento de automóveis é o motivo predominante das emissões de transporte em crescimento.

Em comparação, no subsetor de maior emissão no setor de energia, geração de eletricidade e calor, as emissões aumentaram 78% entre 1990-2013, mas depois caíram 2% entre 2013-2016. A redução foi motivada por vários fatores, incluindo a mudança para o gás natural a partir do carvão e o aumento do uso de fontes renováveis. No entanto, os dados mais recentes sobre emissões de carbono sugerem que as emissões de CO2 da energia aumentaram novamente em 2017 e 2018.

10 países produzem mais de 68% das emissões globais

No gráfico acima, "Others" e "Top 10" alternam entre dados dos dez maiores emissores ou dos demais países. Clique em países para verificar emissões individuais e navegue por setor. A lupa ao centro retorna à configuração anterior.


Um pequeno número de países contribui com a ampla maioria das emissões de gases de efeito estufa, com os dez principais emissores respondendo por mais de dois terços das emissões globais anuais. A maioria deles também tem grandes populações e economias, representando juntas mais de 50% da população global e quase 60% do PIB mundial. A China é o maior emissor, com 26% das emissões globais de gases de efeito estufa, seguida pelos Estados Unidos com 13%, a União Europeia com 7,8% e a Índia com 6,7%.1

A maioria dos dez principais emissores gera mais emissões por pessoa do que a média mundial (cerca de 6,8 tCO2e por pessoa). Entre os dez principais emissores de gases de efeito estufa, o Canadá e os Estados Unidos têm as maiores emissões per capita, em 22 tCO2e por pessoa e 18 tCO2e por pessoa respectivamente, enquanto a Índia tem o menor nível, em 2,4 tCO2e por pessoa. As emissões per capita da China (8,5 tCO2e) agora superam as da União Europeia (7,1 tCO2e).

Países como Qatar e Austrália, embora não estejam entre os dez principais emissores, têm emissões per capita mais altas do que a maioria dos principais emissores, com 34,8 tCO2e por pessoa e 21,5 tCOe2 por pessoa, respectivamente.

CO2 compõe a maioria, mas não todas as emissões

O dióxido de carbono (CO2) compreende 74% das emissões de gases de efeito estufa. A maioria das emissões de CO2 (89%) é proveniente do uso de combustíveis fósseis, especialmente para geração de eletricidade e calor, transporte, fabricação e consumo. O setor de uso da terra, mudança no uso da terra e silvicultura é outro dos principais contribuintes (7%) para as emissões de CO2 produzidas pelo homem, principalmente devido ao desmatamento.

O metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) representam 17% e 6,2% das emissões totais de gases de efeito estufa, respectivamente, principalmente pela agropecuária, tratamento de resíduos e queima de gás. Gases fluorados (compostos de HFCs, PFCs, SF6 e NF3) provenientes de processos industriais representam 2% das emissões globais. Esses gases são muito mais danosos que o CO2 em termos de seu potencial de aquecimento global e geralmente oferecem oportunidades negligenciadas de mitigação.

Reduzir emissões rápido para evitar crise climática

O mundo já está enfrentando as consequências das mudanças climáticas. Se quisermos evitar impactos muito mais perigosos e dispendiosos, os níveis atuais de emissão de gases de efeito estufa devem ser reduzidos pela metade até 2030 e chegar a zero líquido em meados do século. As maiores fontes de emissões, como o setor de energia, são bons lugares para começar. Mas, para enfrentar completamente a crise climática, precisaremos de reduções profundas em todos os setores.

Mudar para energia renovável, eletrificar o setor de transporte, introduzir práticas agropecuárias mais sustentáveis, conter o desmatamento e a degradação florestal e produzir menos resíduos são algumas das principais maneiras de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e colocar o mundo no caminho para um futuro mais seguro.



  1. Todos os valores citados neste texto são baseados nas emissões totais de GEE sem incluir uso da terra, mudanças no uso da terra e silvicultura. A UE (27) é considerada um país neste gráfico. Observe que as emissões do uso da terra, mudança no uso da terra e silvicultura (LUCF) não são alocadas nos países deste gráfico, pois os valores podem ser negativos. Os combustíveis marítimos e de aviação internacional não estão incluídos no total do país. Outros territórios incluem regiões não cobertas pelos dados do país da Climate Watch. ↩︎