A abordagem de temas relacionados às florestas no noticiário e canais de comunicação geralmente segue a lógica da notícia negativa: casos de desmatamento, queimadas, ilegalidades e conflitos. Mas enquanto o foco está nos problemas, um grande movimento para proteger e recuperar nossos ecossistemas está acontecendo no campo: a restauração de paisagens e florestas.

Produtores, empresas, organizações da sociedade civil e governos estão engajados nesse movimento. Pequenos produtores estão encontrando na restauração florestal e na agrofloresta formas efetivas de aumentar renda, garantir a segurança alimentar, melhorar a qualidade do solo e da água, ao mesmo tempo em que empresários começam a ver no plantio de florestas nativas uma forma de gerar madeira e produtos florestais não-madeireiros para atender mercados consumidores cada vez mais exigentes. Em paralelo a essas ações, muitos governos estaduais estão implementando normas para cumprimento do Código Florestal e restauração com fins de adequação legal.

Como fazer com que essa restauração em andamento seja disseminada, conhecida e replicada? Uma das linhas de atuação do projeto Pró-Restaura inclui o componente de comunicação. Além da articulação para equipar atores-chave com dados sólidos, evidências, diretrizes de boas práticas, o projeto também incentiva a divulgar e disseminar as boas práticas de restauração de paisagens e florestas.

Da floresta para as telas

No Brasil existem outras organizações que também estão trabalhando para comunicar sobre restauração e unindo forças para a chegada da Década da Restauração de Ecossistemas. Confira algumas dessas iniciativas que ajudam a levar para o grande público o importante trabalho de restauração de produtores rurais no país todo.

As pessoas que estão plantando florestas em evidência

Com cinco episódios e amplo material em vídeo, texto e gráficos, a websérie As Caras da Restauração busca retratar as transformações vividas por produtores rurais pequenos e grandes a partir do momento em que eles decidem investir na restauração florestal. As cinco histórias mostram as transformações, o trabalho e a dedicação por trás de quem dedica a vida ao plantio de florestas, e ilustram como a restauração e o reflorestamento nos mais diversos biomas do Brasil – da Amazônia à Caatinga – fazem sentido tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.

Estudos científicos podem ir além de gráficos e dados

A maioria dos proprietários rurais têm uma relação direta com a terra e reconhecem a importância da natureza para a produção, mas nem todos conhecem os benefícios da restauração para suas atividades produtivas. Uma cartilha feita pelo Instituto Internacional pela Sustentabilidade (IIS), parceiro do WRI no projeto Pro-Restaura, procura mostrar para proprietários rurais na Mata Atlântica e na Amazônia os grandes benefícios da restauração.

Empregando linguagem coloquial e utilizando ilustrações e outros recursos gráficos para facilitar o entendimento, a cartilha explica os benefícios das florestas para o clima, a qualidade de água e a biodiversidade. Além disso, apresenta oportunidades para o produtor rural aumentar sua renda por meio do ganho de produtividade e da comercialização de produtos madeireiros e não madeireiros. Por fim, ensina algumas técnicas de restauração e os aspectos legais associados à propriedade no âmbito do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Um podcast para falar de florestas

O Pacto para a Restauração da Mata Atlântica, um movimento de organizações e produtores para reflorestar o bioma, acredita que atingirá a marca de 1 milhão de hectares de florestas restaurados no final de 2020, e já projeta novas metas para o futuro. Para disseminar esse importante trabalho, o Pacto aposta em novos formatos de comunicação, como os podcasts. Na celebração dos dez anos do movimento, lançou o Tom da Mata em parceria com o WWF-Brasil. O podcast tem como objetivo abordar temas de conservação e restauração unindo conhecimento acadêmico, saberes tradicionais e atuais sobre a Mata Atlântica a um público jovem e urbano, que prescinde de fontes sérias de informação e está desconectado da importância da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. O podcast teve 8 episódios, contando com importantes nomes entrevistados, como o ex-ministro Joaquim Levy, a líder global da agenda de restauração da WWF Anita Diederichsen, e o líder indígena Ailton Krenak, entre outros, e deverá ter uma nova temporada em 2021.

Novas coalizões para restauração na Amazônia e Mata Atlântica

Em setembro, um grupo de quatro organizações ambientais anunciou uma parceria inédita para trabalhar em conjunto e, desta forma, conseguir acelerar e dar escala à restauração no Brasil. CI-Brasil (Conservação Internacional), TNC-Brasil (The Nature Conservancy), WWF-Brasil e WRI Brasil estabeleceram parceria para fortalecer desde iniciativas regionais como a Aliança pela Restauração na Amazônia, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, até iniciativas locais que vêm trabalhando de forma aliada à natureza para um desenvolvimento justo e sustentável. Em 2021, as quatro organizações pretendem trabalhar a comunicação de temas relacionados a restauração em conjunto, aumentando a força e a relevância de mensagens disseminadas e ajudando a colocar a restauração de paisagens e florestas no centro do debate político-ambiental.

Maximizando Oportunidades de Restauração

Melhorar a percepção sobre a restauração no Brasil também é parte da agenda ambiental. É possível comunicar o tema florestas com abordagem positiva, centrada no elemento humano – os agricultores que estão plantando árvores – e com base no que há de melhor dos dados científicos. Elementos de texto, vídeo, foto e ações em redes sociais para exemplificar formas de mostrar ao público o importante trabalho de restauração florestal em andamento.


Os autores agradecem a colaboração de Alex Mendes, Ricardo Cesar e Thadeu Melo, membros do Grupo de Trabalho de Comunicação do Pacto para a Restauração da Mata Atlântica