Agora, o Rio está conduzindo um inventário de GEE para 2012, o primeiro ano meta sob a legislação de mudança climática. O inventário medirá as emissões da cidade em relação a meta de redução de 8% para 2012 e avaliará a eficiência das ações de mitigação de GEE implementadas até agora. No dia 2 de julho, o governo da cidade do Rio convidou a mim e aos meus colegas da Greater London Authority e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE) para um seminário para compartilhar as experiências de conduzir inventários de GEE e para discutir o inventário de 2012 do Rio. No seminário, Nelson Moreira Franco, Diretor da Gestão de Mudança Climática e Desenvolvimento Sustentável da Cidade do Rio, salientou que os inventários de GEE ajudam a identificar as fontes de emissão e fornecem provas científicas dos níveis de GEE e que por isso é muito importante para a cidade fazer isso da maneira certa. Para mim, o seminário cobriu quatro itens importantes:

1. Uso do Protocolo Global para as Emissões de Gases do Efeito Estufa em Escala Comunitária (GPC)

O último inventário de GEE do Rio foi completado em 2011 usando dados de 2005, antes da liberação de 2012 do [GPC Pilot Version 1.0). Portanto, o inventário de 2011 não estava completamente consistente com a estrutura do GPC. O protocolo é uma norma internacional nova para padronizar a contabilidade e os relatórios de inventários GEE de escala municipal. O Rio planeja conduzir o inventário de 2012 baseado no GPC para garantir a compatibilidade internacional. A cidade se juntou recentemente ao projeto piloto GPC, que fornece um fórum para mais de 30 cidades ao redor do mundo para compartilhar experiências e boas práticas em como medir as emissões GEE baseadas no GPC.

2. A necessidade de consistência metodológica e de dados

Uma metodologia consistente para contabilizar e relatar os inventários GEE garante um rastreamento consistente das emissões. Já que o Rio irá relatar o inventário 2012 de acordo com o GPC, é essencial recalcular o inventário do ano base (2005) e o cenário de emissões BAU para garantir a consistência. Michael Doust, da Greater London Authority, salientou que os relatórios de inventário devem usar metodologias, dados e pressupostos transparentes, para poder comparar os resultados de forma significativa e permitir recálculos futuros.

3. Rastreamento de desempenho e granularidade de dados

Além de apresentar os dados atuais de emissões, o relatório de inventário do Rio deve analisar os fatores individuais que afetam o perfil de emissões da cidade, incluindo os efeitos de cada medida de mitigação nas emissões gerais de GEE (como o novo aterro sanitário e o projeto de ônibus expresso). Além disso, o inventário deve ter uma repartição de dados detalhada para torná-lo mais demandável e auxiliar a cidade a projetar medidas de mitigação mais específicas. Por exemplo, os dados de transporte viário poderiam ser divididos entre veículos públicos e privados, tipo (motocicletas, carros, vans, etc.), combustível e até mesmo rotas diferentes para identificar as fontes de emissão específicas e elaborar medidas para reduzi-las.

4. Emissões além da fronteira

A cidade do Rio está conectada com as regiões no seu entorno. Por exemplo, o consumo de energia da rede elétrica regional, viagens de carro através de fronteiras metropolitanas, e transporte de resíduos sólidos da cidade até os aterros em áreas afastadas apontam todos para uma relação próxima entre o centro urbano e a sua periferia. Conforme especificado no GPC, o Rio deveria levar em conta essas emissões GEE além da fronteira.

O Rio está comprometido em completar o seu inventário GEE 2012 antes do final de 2013. Esse inventário dirá se a cidade atingiu a meta de 2012 e se está no caminho para atingir a meta de redução de emissões de 20% até 2020. A cidade deu um importante primeiro passo ao adotar o GPC. Seguindo em frente, além dos pontos colocados acima, a equipe de inventário deveria prestar atenção para evitar a dupla contagem entre emissões dentro e fora das fronteiras, conduzir uma análise mais detalhada das emissões do setor de transporte e ser transparente se houver qualquer exclusão de fontes de emissão. A equipe do Protocolo GEE do WRI forneceu orientações técnicas para o inventário de ano base 2005 do Rio, e espera que a parceria com a cidade continue, agora utilizando o GPC para auxiliar com a meta de 2020.