O Brasil atualmente é um país que acompanha e participa ativamente de diversos acordos internacionais que tentam direcionar o planeta para um futuro mais sustentável. Uma das prioridades desses compromissos é o enfrentamento às mudanças climáticas e a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Para isso, saber a origem e mensurar a quantidade de emissões é fundamental para a tomada de decisões. Trabalhar de modo integrado e com estratégia também. Foi exatamente esse entendimento que fez o Consórcio Intermunicipal Grande ABC apresentar o seu primeiro Inventário Regional sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa.

A região do ABC paulista é conhecida como um dos principais polos industriais e econômicos do país. O Consórcio é composto por sete municípios: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul. São 2,7 milhões de habitantes em 828 quilômetros quadrados. Segundo o inventário, em 2013, o grupo de municípios registrou o PIB de R$ 114,8 bilhões, a quarta maior região produtora do país.

O Consórcio Intermunicipal foi firmado em 1990, com a finalidade de propor e implantar políticas públicas regionais. Para capacitar os técnicos do grupo, foi realizado o seminário “Mudanças climáticas e o papel do poder local”, que deixou clara a urgência da elaboração do primeiro Inventário. Foi então que o Consórcio se uniu ao Compacto de Prefeitos, coalizão global que consiste em uma resposta das cidades ao combate às mudanças climáticas e ao aquecimento global. As cidades signatárias do Compacto se comprometem a desenvolver, em até três anos, diversos passos para mitigação e adaptação.

Um ano após se unir ao Compacto, gestores e grupos de trabalho de Meio Ambiente e Defesa Civil das cidades, com o apoio técnico do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, apresentaram o Inventário Regional sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa. Esse é um dos primeiros documentos lançados no Brasil que utiliza a metodologia Protocolo Global para Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa na Escala da Comunidade (GPC), elaborada pelo ICLEI, WRI e C40 (Cities Climate Leadership Group). A metodologia decompõe os dados de emissões em diferentes setores para avaliar quais as atividades são as maiores fontes de GEE em cada localidade. São elas: energia estacionária, transportes, resíduos, processos industriais e uso de produtos (IPPU), agricultura, floresta e outros usos do Solo (AFOLU) e outras emissões indiretas. Os princípios de relevância, abrangência, consistência, transparência e exatidão são estabelecidos para a elaboração do inventário.

No Inventário da Região do Grande ABC foi adotada a abordagem BASIC, na qual são reportadas as emissões de GEE de Fontes Estacionárias, Transportes e Resíduos. Nas futuras edições de inventários, o grupo se comprometeu a incluir as demais estimativas, mas devido à complexidade para a obtenção dos dados, não foi possível incluí-las na primeira versão.
Segundo os dados coletados, o setor que mais emite gases de efeito estufa na região é o de Transportes, responsável por 60% das emissões, seguido pelo setor de Energia Estacionária (27%) e Resíduos (13%). Juntos, os sete municípios emitiram aproximadamente 9,8 milhões de toneladas de CO2e no ano de 2014.

Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo do ICLEI para América do Sul, enfatiza que a iniciativa é pioneira na maneira como estabeleceu um modelo de governança que resultou em um planejamento estratégico para os sete municípios, que pode servir de exemplo para outros grupos consorciados nacional e internacionalmente.

Logo após o inventário, o Consórcio lançou o seu Plano de Ação de Enfrentamento às Mudanças Climáticas região ABC, que tem o objetivo de auxiliar os gestores, técnicos e sociedade civil da Grande ABC a dar início à implantação de uma estratégia mais focada em iniciativas que possam contribuir para redução de emissões de gases de efeito estufa e melhorias na qualidade de vida da população. "Por tratar-se de um plano regional, com munícipios apresentando características diversas, as diretrizes e objetivos estratégicos definidos pelo Grupo de Trabalho Temático de Mudanças Climáticos do Consórcio Grande ABC possuem uma atribuição mais ampla, nesse sentido, suas ações também demonstram um caráter geral e aplicável a cada contexto local", diz o texto.