O ritmo da inovação tecnológica do setor privado em serviços de transporte compartilhado, veículos e redes é acelerado e cheio de oportunidades, bem como riscos. A chegada iminente dos veículos autônomos, por exemplo, terá um impacto profundo nos meios de subsistência, no congestionamento e no uso do solo urbano. Ao mesmo tempo, as ruas da cidade são um recurso finito e escasso.

O lançamento dos 10 Princípios de Mobilidade Compartilhada para Cidades Humanas, elaborados por um grupo de especialistas em transportes liderado pela co-fundadora da Zipcar, Robin Chase, tem o objetivo de ajudar a orientar os tomadores de decisão das cidades e a população sobre quais seriam os melhores resultados para todos. As principais ONGs de cidades e transportes estão por trás desses princípios fundamentais, incluindo C40, ICLEI, ITDP, Natural Resources Defense Council, Fundação SLoCaT, instituto Rocky Mountain, Shared-Use Mobility Center e WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis.

O grupo estimula cidades, empresas e ONGs a apoiar e aplicar os princípios e se envolver com o grupo sobre como melhorá-los. A execução exigirá os esforços de todas as partes interessadas, com um papel especial para governos proativos e orientados para os resultados, que possam tomar decisões localmente usando todas as ferramentas sobre as quais têm competência.

Infográfico com princípios de mobilidade compartilhada

1) Planejas as cidades e a mobilidade juntas: nós planejamos nossas cidades e mobilidade juntas. A maneira como as cidades são construídas determina as necessidades de mobilidade e como elas podem ser melhor atendidas. O desenvolvimento urbano, o desenho de ruas e de espaços públicos, os regulamentos de construção e zoneamento, os requisitos de estacionamento via legislação e outras políticas de uso do solo devem incentivar cidades compactas, acessíveis, viáveis ​​e sustentáveis.

2) Focar em mover pessoas, não carros: nós priorizamos as pessoas sobre os veículos. A mobilidade das pessoas e não dos veículos deve estar no centro da tomada de decisões e do planejamento de transportes. As cidades devem priorizar a caminhada, o ciclismo, os transportes públicos e outras mobilidades compartilhadas eficientes, bem como a sua interconectividade. As cidades devem desencorajar o uso de carros, táxis de passageiro único e outros veículos de grande porte que transportam uma pessoa.

3) Encorajar o uso eficiente do solo e da infraestrutura: nós apoiamos o uso compartilhado e eficiente de veículos, ruas, calçadas e terrenos. O planejamento e as políticas de transporte e uso do solo devem minimizar o uso das ruas e do espaço de estacionamento por pessoa e maximizar o uso de cada veículo. Nós desencorajamos o excesso de construções, veículos grandes e infraestruturas de grande porte, bem como a oferta excessiva de estacionamento.

4) Engajar partes interessadas na tomada de decisões: nós engajamos com as partes interessadas. Os cidadãos, os trabalhadores, as empresas e outras partes interessadas podem sentir impactos diretos sobre suas vidas, seus investimentos e seus meios de subsistência através da transição que se desenrola para veículos compartilhados sem emissões e, em última instância, autônomos. Nos comprometemos a envolver ativamente esses grupos no processo de tomada de decisão e apoiá-los à medida que essa transição avança.

5) Projetar com acesso para todos: nós promovemos a equidade. O acesso tanto físico quanto digital e financeiro a serviços de transporte compartilhado é um bem público valioso. Os serviços precisam ser desenvolvidos de maneira inteligente para garantir que sejam acessíveis a todos, independentemente de idade, gênero, renda, raça, etnia ou outra identidade ou característica.

6) Evoluir rumo à emissão zero: Nós conduzimos a transição para um futuro de emissões zero e energia renovável. As frotas de transporte público e de uso compartilhado vão acelerar a transição para veículos de emissão zero. Os veículos elétricos devem, em última instância, ser alimentados por energia renovável para maximizar os benefícios ao clima e à qualidade do ar.

7) Cobrar tarifas justas: nós apoiamos tarifas justas aos usuários de todos os modos de transporte. Todo veículo e modo de transporte deve pagar um valor justo para usar as ruas, pelos congestionamentos, pela poluição e o uso do espaço de calçada. Uma tarifa justa deve levar em consideração os custos operacionais, de manutenção e sociais.

8) Gerar benefícios públicos via dados abertos: nós buscamos benefícios públicos através de dados abertos. A infraestrutura de dados derivada de serviços de transporte compartilhado deve permitir a interoperabilidade, a concorrência e a inovação, garantindo simultaneamente a privacidade, a segurança e a prestação de contas para a sociedade.

9) Promover a integração e a conectividade dos modos de transporte: nós trabalhamos por uma rede de transportes integrada, conectada e eficiente. Todos os serviços de transporte devem ser integrados e cuidadosamente planejados entre operadores, regiões e modos complementares. A complementação entre diversos modos deve ser facilitada através de conexões físicas, pagamentos integrados e informações combinadas. Todas as possibilidades devem ser usadas para melhorar a conectividade de pessoas e veículos com redes de internet sem fio.

10) Promover a operação compartilhada de veículos autônomos: nós apoiamos que veículos autônomos em áreas urbanas densas sejam compartilhados. Devido ao potencial de transformação da tecnologia dos veículos autônomos, é fundamental que todos façam parte de frotas compartilhadas, bem reguladas e com emissão zero. As frotas compartilhadas podem proporcionar acesso mais barato a todos, maximizar a segurança das pessoas, aumentar os benefícios da redução de emissões, garantir que as atualizações de manutenção e software sejam gerenciadas por profissionais e efetivar a promessa de reduzir veículos, estacionamentos e congestionamentos, em concordância com políticas mais amplas para reduzir o uso de carros pessoais em áreas urbanas densas.



"A maneira como os fluxos de pessoas e veículos são gerenciados dita qualidade de vida e o acesso a oportunidades para bilhões de pessoas", ressalta Robin Chase, co-fundadora da Zipcar. "Queremos garantir que os atuais desenvolvimentos em tecnologia, sistemas operacionais, modelos de propriedade e de negócios levem a cidades mais habitáveis, sustentáveis e justas".

 

"Várias mudanças estão ocorrendo na mobilidade urbana, moldadas pela inovação tecnológica sem precedentes na área da informação, das redes e de energia", afirma Ani Dasgupta, diretor global do WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis. "Esses princípios são o começo da construção de uma visão global sobre como gerenciar essa importante transição para que o resultado seja melhor para as cidades, com uma mobilidade mais fácil, segura e acessível para todas as pessoas".


"Muitas vezes, hoje, a discussão fica focada estritamente à competição justa", diz Clayton Lane, CEO do ITDP. "Para que a mobilidade compartilhada seja uma opção de transporte verdadeiramente sustentável, devemos colocar as necessidades das pessoas no centro de tudo. Esses princípios nos movem na direção certa, pela primeira vez, para estabelecer um cenário para garantir benefícios públicos. Esperamos que governos, empresas privadas e sociedade civil possam usar esses princípios como base para uma mobilidade mais eficiente e limpa, com comunidades mais equitativas e humanas".


"A implementação dos Princípios de Mobilidade Compartilhada e das Estratégias de Kaohsiung para o futuro da mobilidade urbana são fundamentais para a construção de sistemas de transporte mais humanos e sustentáveis em todo o mundo", declara Monika Zimmerman, Secretária Geral Adjunta do ICLEI. "Devemos apoiar os governos locais e os tomadores de decisão na priorização da mobilidade urbana centrada nas pessoas com foco em caminhada, ciclismo, transporte público e compartilhado em vez de priorizar o automóvel".


"Esses princípios de mobilidade compartilhada, implantados em combinação com um forte transporte público e infraestrutura extensa para caminhadas e ciclismo, podem ajudar a tornar os sistemas de transporte urbano mais integrados, sustentáveis e equitativos", afirma Holger Dalkmann, co-presidente do Conselho de Administração da Fundação SLoCaT.


"O futuro do transporte é compartilhado, elétrico, com serviços de mobilidade autônoma em cidades projetadas para isso", disse Jeruld Weiland, diretor do programa de transformação em mobilidade do Instituto Rocky Mountain. "Com esses princípios de mobilidade compartilhada, as partes interessadas podem desenvolver soluções de mobilidade de ponta mais seguras, limpas, saudáveis, acessíveis e financiáveis – todas levando a cidadãos mais felizes. Os veículos elétricos e autônomos são uma parte importante do futuro de mobilidade, mas o que todos estamos perseguindo são cidades projetadas para pessoas e não carros".


"A mobilidade compartilhada tem o potencial de oferecer benefícios transformadores para cidades e regiões, incluindo a redução das viagens em veículos com uma única pessoa, o corte de emissões de gases de efeito estufa, a diminuição dos custos de transporte para os cidadãos, facilitando o acesso a empregos e oportunidades — mas somente se esses novos modos de transporte funcionarem para todos", diz Sharon Feigon, diretora executiva do Shared-Use Mobility Center. "Mudanças na tecnologia e nos padrões de deslocamento estão nos direcionando a um ponto crítico decisivo e uma liderança proativa é necessária para garantir o bem de todos e apoiar uma rede robusta de escolhas de transporte equitativas e ambientalmente saudáveis".


"A sustentabilidade e a equidade social devem ajudar a guiar a revolução do transporte com a mobilidade compartilhada e autônoma", declara Amanda Eaken, diretora de Transporte e Clima do Natural Resources Defense Council. "Veículos compartilhados e autônomos já estão tendo um impacto sobre o que atualmente chamamos de 'transporte público'. Esses 10 princípios direcionarão os governos, as ONGs, o setor privado e os cidadãos para ações capazes de tornar o ar mais limpo, reduzir a expansão urbana e as emissões de poluentes".

 

Saiba mais sobre os princípios em www.sharedmobilityprinciples.org.