Este post foi escrito por Frances Seymour e publicado originalmente no WRI Insights e na Revolve Magazine.  


Se você está lendo isso, provavelmente é habitante de uma cidade. Mais da metade da humanidade vive nas cidades e a porcentagem continua crescendo. À medida que mais e mais de nós nos mudamos das áreas rurais que nossos antepassados chamavam de lar, estamos particularmente mais distantes das florestas. As árvores ficaram restritas ao interior, substituídas por fazendas, habitações e expansão urbana.

Mas mesmo se você mora no coração da "selva urbana", você também deve se preocupar com as florestas. Hoje é o Dia Internacional das Florestas. O tema escolhido para celebrar a data deste ano é Florestas e Cidades Sustentáveis. Reserve um minuto para refletir sobre o quanto você depende desses ecossistemas, desde o parque em seu bairro até a distante Floresta Amazônica.

1. Árvores em áreas urbanas tornam as pessoas mais saudáveis e felizes

As árvores nas ruas e parques da cidade não apenas aumentam os valores imobiliários das propriedades, elas fornecem a sombra que reduz os custos de energia e ajudam a melhorar o escoamento da água após as tempestades. As florestas urbanas ajudam a purificar o ar, reduzindo a incidência de doenças respiratórias. Elas também são boas para a mente e o corpo, e sua presença faz você se sentir melhor: um estudo realizado em Toronto descobriu que dez árvores a mais em um quarteirão da cidade melhoraram a percepção das pessoas sobre sua saúde em um nível comparável a receber um aumento de renda de US$ 10 mil ou ser sete anos mais jovem.

2. Florestas próximas proporcionam água, energia e proteção à população urbana contra as condições climáticas extremas

Florestas próximas fornecem muitos dos serviços que sustentam a vida cotidiana nas cidades do mundo todo. Muitas dessas cidades – incluindo Bogotá, Nova York e Cingapura – têm investido na proteção de bacias florestais para assegurar o fornecimento de água limpa e fresca para alimentação e saneamento. As áreas de captação florestal também enchem os reservatórios das represas hidrelétricas que mantêm as luzes da cidade acesas.

À medida que as mudanças climáticas aumentam a frequência e a gravidade dos eventos climáticos extremos, o papel das florestas de atenuar os impactos desses eventos é cada vez mais claro. A vegetação natural da floresta ajuda a mitigar os deslizamentos de terra e as inundações que frequentemente resultam da ocorrência de chuvas fortes. A restauração de manguezais tropicais poderia ajudar a proteger as cidades costeiras, como Mumbai, das tempestades e do aumento do nível do mar. Em áreas montanhosas, as árvores em encostas íngremes podem ajudar a reduzir o risco de avalanche após fortes nevascas.

3. Florestas distantes fornecem madeira e protegem o clima

As cidades dependem não apenas das árvores que estão na vizinhança. A madeira proveniente de florestas de regiões mais distantes tem sido usada há muito tempo para infraestruturas urbanas, com espécies tropicais resistentes ao apodrecimento selecionadas para usos externos, como decks e bancos de parque. Há um renascimento do uso da madeira na arquitetura urbana atualmente, combinando propriedades estéticas e estruturais com novas tecnologias para erguer prédios eficientes e de baixo carbono. Essas estruturas de “madeira maciça” podem sustentar mais de 10 andares e oferecer uma alternativa renovável e ecológica ao concreto e ao aço.

Além disso, os cientistas estão descobrindo o papel das florestas na garantia do bem-estar global, incluindo a sustentabilidade das cidades, através do papel das árvores na moderação do clima tanto local como planetário. Estima-se que as florestas possam representar até um terço das ações com bom custo-benefício necessárias para evitar uma mudança climática catastrófica, incluindo a redução das emissões do desmatamento e o aumento do armazenamento de carbono por meio do reflorestamento e da restauração. Além disso, o papel das florestas na regulação dos ciclos hídricos é agora visto como importante não apenas no nível das bacias hidrográficas locais, mas pelo papel na geração de chuvas nos continentes, garantindo a produtividade contínua dos sistemas agrícolas globalmente.

O que as cidades podem fazer para proteger as florestas?

As escolhas dos consumidores das cidades contribuem para a redução das florestas - a principal causa do desmatamento tropical é a conversão de florestas em áreas de agricultura comercial para atender aos mercados globais de commodities. As florestas são frequentemente convertidas em pastos para carne bovina, terra para cultivo de soja, plantações de óleo de palma e madeira de crescimento rápido.

Muitas cidades já reconhecem o valor das florestas urbanas e próximas, e estão trabalhando ativamente para proteger e melhorar a densidade de árvores para colher os muitos benefícios. No ano passado, por exemplo, 17 países asiáticos elaboraram um Plano de Ação para o desenvolvimento de florestas urbanas e periurbanas na região.

A consciência do que as cidades podem fazer para proteger as florestas distantes, no entanto, ainda é embrionária. Líderes urbanos podem tomar pelo menos três atitudes que fariam a diferença:

Promulgar políticas de compra favoráveis ​​à floresta. Isso incluiria evitar o uso de produtos associados ao desmatamento, a menos que esses produtos sejam certificados de forma independente, legal e sustentável. O fornecimento de mercados para madeira legalmente extraída e sustentável pode fornecer incentivos às comunidades rurais para manter as florestas como florestas, em vez de convertê-las para outros usos.

Fornecer um mercado para serviços de ecossistemas florestais, especialmente carbono. Muitas das principais cidades do mundo assumiram compromissos para atingir a neutralidade de carbono até a metade do século ou antes. Mesmo que a maior parte da redução das emissões possa e deva ser alcançada através da redução da queima de combustíveis fósseis, a compra de compensações de carbono florestal de países tropicais pode ser a cereja do bolo.

Aumentar a conscientização. A maioria da população urbana não tem consciência de quanto seu bem-estar depende dos bens e serviços gerados pelas florestas. A educação ambiental pode ajudar os cidadãos a fazerem escolhas mais favoráveis ​​à floresta a partir de seus gastos e do poder de voto.