Esse artigo foi escrito por Andrew Wu, Sofia Faruqi, Andrés Anchondo Ortega e Eriks Brolis e originalmente postado no WRI Insights.


Estima-se que 15 bilhões de árvores são derrubadas por ano no mundo — mais de 41 milhões por dia. Dado esse ritmo de degradação, é difícil imaginar como métodos tradicionais de reflorestamento, que dependem do plantio manual de sementes, poderiam fazer frente ao problema. BioCarbon Engineering oferece uma alternativa — um dispositivo de pouco mais de 60 centímetros de altura que tem o potencial de plantar 450 mil sementes por dia — 150 vezes mais rápido do que um humano.

A missão da BioCarbon é enfrentar a degradação do solo restaurando paisagens em escala industrial usando drones especializados que podem restaurar a vegetação rapidamente, lançando capsulas de nutrientes e sementes no solo.

Essa abordagem exige inovação — uma estrutura para o drone lançar as sementes com precisão, um software de mapeamento para otimizar os padrões de plantação, e toda uma ciência por trás para maximizar as taxas de sobrevivência das plantas e melhorar a biodiversidade. Essas inovações exigem investimentos. É verdade que árvores oferecem numerosos benefícios para a sociedade e para o meio ambiente, mas a BioCarbon não está fazendo tudo isso apenas para se sentir bem. Ela reconhece que restaurar áreas degradadas é um negócio. A empresa está atualmente trabalhando em projetos na Austrália, Canadá, Myanmar e no Reino Unido.

Drone da BioCarbon em um voo teste. (Foto: BioCarbon Engineering/Divulgação)

Ganhando dinheiro para restaurar áreas degradadas

BioCarbon Engineering é uma das muitas companhias que estão expandindo a economia da restauração. São empresas que têm na restauração de paisagens o cerne de sua proposta de gerar valor para o cliente. WRI e The Nature Conservancy (TNC) analisaram mais de 140 companhias nesse setor para entender como elas estão ganhando dinheiro com restauração. Destas, 14 empresas em que o crescimento das vendas atingiu 100% em 2017 são apresentadas em um relatório chamado The business of planting trees: a growing investment opportunity (O negócio de plantar árvores: uma crescente oportunidade de investimento).

Apesar de essas empresas representarem apenas uma pequena parte do setor, elas evidenciam a diversidade das oportunidades empresariais. Companhias envolvidas com a economia da restauração vão de start-ups em estágio inicial a fundos madeireiros que gerenciam bilhões de dólares. Também os bens e serviços produzidos por essas companhias variam muito, de biocombustíveis, passando por sistemas de crédito climático inteligente até criação de infraestrutura verde.

Por exemplo:

  • Guayakí reinventou a tradicional erva-mate argentina para o mercado americano na forma de um chá pronto para consumo e de energéticos. Como o mate cresce melhor na sombra, a empresa fez parcerias com pequenos produtores e comunidades indígenas na Argentina, Brasil e Paraguai para regenerar a Mata Atlântica e produzir o mate debaixo das árvores da floresta. Com essa abordagem de restauração impulsionada pelo mercado, Guayakí atingiu US$ 60 milhões em vendas em 2017.

  • EcoPlanet Bamboo busca aliviar a pressão nas florestas naturais desenvolvendo um bambu sustentável como alternativa a madeira e fibras. Essas fibras são usadas em grandes mercados industriais, como na produção de lenços de papel e papel higiênico, embalagens para a indústria de alimentos e em material para o setor de construção e moradia. A empresa tem plantações na Nicarágua, África do Sul e Gana, e estima produzir 280 mil toneladas de fibra por ano até 2024.

  • NewForests é uma organização de investimento e gerenciamento de madeira. Suas estratégias de investimento incluem restauração de ecossistemas nos Estados Unidos, assim como silvicultura sustentável na Austrália, Nova Zelândia e sudeste da Ásia. New Forests atualmente administra US$ 3 bilhões em ativos florestais, com 39% da área manejada para a conservação e o restante usado na produção sustentável de madeira.

Uma oportunidade crescente de investimento

Essas empresas estão respondendo ao desafio global criado por bilhões de hectares de áreas degradadas que não conseguem atender ao crescimento da população humana. Desmatamento é uma das principais causas das mudanças climáticas — e a restauração oferece uma das melhores soluções naturais para enfrentar o problema. Há um forte momentum político, pois 39 governos se comprometeram a trabalhar juntos para atingir a meta do Desafio de Bonn de restaurar 150 milhões de hectares até 2020 e 350 milhões de hectares até 2030.

Empresas ao redor do mundo, incluindo essas destacadas em nosso relatório, estão crescendo para atingir a necessidade de restaurar áreas degradadas. Essas empresas têm o potencial de gerar lucro e impacto em escala, contribuir para o florescimento da economia da restauração enquanto também geram dinheiro para os investidores. Nesse momento crítico, em que os mercados de ações e títulos estão supervalorizados e investidores estão procurando a próxima grande oportunidade, a mais antiga e eficiente tecnologia de captura de carbono do mundo está esperando: árvores.

Nota: Camille Rebelo, co-fundadora da EcoPlanet Bamboo, é parte do Global Restoration Council reunido pelo WRI. A EcoPlanet Bamboo não teve influência na produção deste artigo.