Este post foi escrito por David Gibbs, Nancy Harris e Frances Seymour e publicado originalmente no WRI.


Proteger florestas tropicais é essencial para atingir as metas climáticas do Acordo de Paris. A ferramenta Global Forest Watch Climate recentemente lançou uma estimativa de emissão de dióxido de carbono associado aos dados da perda de cobertura florestal de 2017, e os números demonstram o que a nós já sabíamos: se a perda da cobertura de florestas tropicais continuar nas taxas atuais, seria quase impossível manter o aquecimento abaixo de dois graus Celsius.

Abaixo há cinco números que demonstram justamente o quão importante as florestas tropicais são em prevenir as mudanças climáticas, e como esse assunto precisa ter mais visibilidade na agenda global de mitigação das mudanças climáticas.

Se o desmatamento tropical fosse um país, seria o terceiro maior emissor de carbono, atrás apenas de China e Estados Unidos.

As emissões anuais brutas de dióxido de carbono da perda de cobertura florestal em países tropicais foram de cerca de 4,8 gigatoneladas por ano entre 2015 e 2017. Em outras palavras, a perda de cobertura florestal está emitindo mais por ano do que 85 milhões de carros emitiriam durante toda sua vida útil.

Está piorando. A média anual das emissões dos últimos 3 anos foi 63% maior do que dos 14 anos anteriores.

Dentre todas as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Acordo de Paris, as florestas representam um quarto de toda a redução de emissões planejada até 2030. Apesar de a taxa da perda de cobertura florestal desacelerar em alguns lugares, os dados mais recentes de 2017 sugerem que muitos países estão se movendo na direção contrária a essas metas. A média de emissões entre 2015 – quando o Acordo de Paris foi assinado – e 2017 mostra um percentual 63% maior do que a média dos 14 anos anteriores (3 gigatoneladas contra 4,9 gigatoneladas por ano).

Os dados anuais do Global Forest Watch fornecem uma régua imparcial para que as estimativas nacionais do desmatamento tropical possam ser comparadas. GFW Climate usa esse banco de dados global para estimar a emissão de carbono associada com a abertura de biomassa acima do solo.

Não é apenas o carbono nas árvores que torna as florestas importantes para o clima. As florestas têm o poder de esfriamento local – na medida de mais de 2 aparelhos de ar-condicionado por árvore.

Além de exercer um papel no orçamento global de carbono, as florestas também têm a importante função em regular o clima no nível local por meio de sombreamento e evapotranspiração. Cada 100 litros de água que uma árvore transpira (apenas uma fração do que uma árvore faz por dia) fornece o equivalente a manter dois aparelhos de ar-condicionado funcionando por dia (o esfriamento equivalente a 70 kilowatt / hora de eletricidade).

Por outro lado, o desmatamento pode aumentar a temperatura do ar localmente nos trópicos e em zonas temperadas em um grau Celsius, e aumenta a variação diária de temperatura em quase dois graus Celsius nos trópicos e 2,85 graus Celsius em zonas temperadas.

As florestas tropicais são 8% do problema, mas 23% da solução.

Cerca de 8% das emissões globais atualmente são de perda de cobertura arbórea em áreas de floresta tropical, mas essas mesmas florestas podem fornecer 23% da mitigação climática de baixo custo antes de 2030. As NDCs ainda não cobrem a mitigação total necessária para manter o aquecimento limitado a 2 graus Celsius, e cerca de 7,1 gigatoneladas de dióxido de carbono podem ser mitigadas anualmente com manejo, proteção e restauração das florestas tropicais, manguezais e turfas. Isso equivale ao total de emissões de Rússia, União Europeia e Japão juntas em 2014. O potencial vem de emissões evitadas pelo fim do desmatamento e degradação, assim como pela remoção de carbono atmosférico que acontece quando as florestas crescem e são restauradas.

As florestas recebem apenas 3% do financiamento disponível para mitigação climática.

Apesar do potencial, os financiamentos para florestas, mesmo para países com alto índice de desmatamento, representam menos de 3% do financiamento global de mitigação. Para atingir as metas globais é crucial que atores locais e nacionais dobrem a aposta na estratégia já provada de reduzir desmatamento para mitigar as mudanças climáticas.