O secretário-geral da ONU, António Guterres, deixou claro que queria uma Cúpula do Clima com destaque para os “planos e não aos discursos”, pedindo aos líderes globais que mostrassem compromissos ambiciosos para chegar ao meio do século com emissões líquidas zero de carbono.

No âmbito do Acordo de Paris, em 2015, 184 signatários submeteram as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), que detalham os compromissos voluntários de cada país e têm ciclo de cinco anos. As NDCs atuais não são suficientes para manter o aquecimento global em 1,5°C, meta que os cientistas consideram necessária para evitar os piores impactos da mudança do clima. Por isso, espera-se que as novas e atualizadas NDCs sejam mais ambiciosas.

Em paralelo a isso, o acordo também prevê estratégias de longo prazo para guiar os países na transição para emissões líquidas até 2050. Espera-se que até o final de 2020 os países apresentem essas estratégias com uma visão de futuro até o meio do século. Até o momento, apenas 12 países fizeram isso formalmente.

Duas plataformas do WRI ajudam a monitorar esses avanços. Saiba mais sobre cada uma delas.

Quais países estão aumentando a ambição das NDCs?

As primeiras NDCs não foram pensadas para solucionar sozinhas o desafio provocado pelas mudanças climáticas. Por isso, o próprio acordo prevê um aumento da ambição nas metas a cada cinco anos e especificou que fossem entregues novos e atualizados compromissos até o final de 2020.

Duas questões estão presentes nesta semana de discussões sobre a questão climática: quais países demonstram a intenção de aumentar a ambição dos compromissos presentes na sua NDC e como os países devem fazer isso?

A ferramenta 2020 NDC Tracker ajuda a avaliar quem pretende fazer mais pela ação climática. Ela divide os países entre os que pretendem “atualizar” (update) os compromissos, o que pode significar informações mais transparentes ou monitoramento dos avanços, ou “reforçar” (enhance), que significa aumentar as metas de redução de emissões ou medidas adicionais às prometidas.

Até o momento, nove países declararam claramente sua intenção de fazer atualizações, enquanto outros 23 pretendem ir além, reforçando a ambição de mitigação ou outras ações em suas NDCs até 2020. Outros países também parecem prontos para isso, mas ainda não declararam publicamente. Ao longo desta semana, espera-se que mais países tornem mais claras as suas intenções.

No mapa abaixo, veja quais países já declararam publicamente a intenção de atualizar ou reforçar a sua NDC:



A situação dos compromissos de longo prazo

O Acordo de Paris convida todos os países a comunicarem suas estratégias de longo prazo à ONU até 2020. Até o momento, apenas 12 países fizeram isso formalmente. Muitos outros já começaram a trabalhar internamente para cumprir o prazo. A ferramenta Climate Watch oferece dados, gráficos e análises da ação climática dos países e agora agrega um novo módulo para rastrear as estratégias de longo prazo à medida que elas são desenvolvidas, mostrando a situação e destacando o que foi prometido nessas estratégias. Ferramentas como essas são importantes para avaliar o progresso no cumprimento das metas globais no âmbito do Acordo de Paris.

Os dados mostram que 12 países comunicaram estratégias de longo prazo e as metas presentes nesse planejamento. Esses países representam pouco mais de 32% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Veja abaixo quais são eles e seus compromissos:



Entre as estratégias de longo prazo entregues até o momento, 11 incluem uma visão quantificada para as emissões em 2050, mas de várias formas. Por exemplo, Canadá, França, Alemanha, México, Ucrânia, Reino Unido e EUA usam "metas do ano base" (ou seja, metas de redução de emissões relativas a um determinado nível histórico de emissões). O Japão estabelece uma meta de redução percentual (sem especificar o ano de referência), enquanto República Tcheca, Fiji e Ilhas Marshall têm metas de nível fixo, declarando qual nível de emissões será alcançado em 2050.

A maioria das metas não dá muitos detalhes. Por exemplo, nem sempre é claro quais setores e gases estão incluídos na meta de longo prazo, qual é o ano base (no caso do Japão), se outras formas de compensar as emissões (via mercados de carbono, por exemplo) serão usadas para atingir as metas ou quais metodologias contábeis serão usadas para relatar e verificar o progresso.

Entre os países que comunicaram formalmente uma estratégia de longo prazo, apenas Fiji e Ilhas Marshall estabeleceram o objetivo de zerar as emissões líquidas até 2050. Mas houve um aumento recente de compromissos nacionais por emissões líquidas zero até o meio do século fora do âmbito do Acordo de Paris.

É hora dos maiores emissores aumentarem a ambição

A Cúpula do Clima desta semana tem como objetivo enviar um sinal a investidores, prefeitos, CEOs e ao público em geral que ações mais ousadas pelo clima estão por vir. Os dados mostram que muitas nações pequenas já estão trilhando o caminho, mas para realizar a ação transformadora que a crise climática exige, os maiores emissores do mundo devem seguir rapidamente o exemplo – há muitas soluções para aumentar a ambição e ao mesmo tempo promover o crescimento econômico e o desenvolvimento das nações. O Climate Watch é atualizado em tempo real, então visite o site para acompanhar a evolução das NDCs e dos compromissos de longo prazo.