O empreendedorismo é parte importante na construção do movimento pela restauração de florestas e paisagens na Mata Atlântica. Empresas podem fazer a sua parte ao produzir de forma sustentável e criar modelos produtivos que incorporam a recuperação de áreas degradadas.

Nos meses de abril, maio e junho de 2023, a Aceleradora de Negócios Florestais trabalhou em conjunto com 20 negócios que estão na cadeia da restauração ou de agroflorestas na Mata Atlântica, com o objetivo de construir em conjunto uma base de conhecimento e capacitação para que esses negócios sejam acelerados e ajudem a dar escala à restauração.

Com o encerramento da primeira fase da Aceleradora, cinco dos vinte negócios foram selecionados para continuar no programa. Eles receberão mentoria personalizada e acompanhamento em campo, e receberão um aporte financeiro de R$ 50 mil.

Confira abaixo quem são esses cinco negócios e os benefícios que eles trazem para a Mata Atlântica. 

Mapa dos 5 selecionados para a segunda fase da Aceleradora de Negócios Florestais

Trabalhando com comunidades indígenas e quilombolas para resgatar a Jussara 
Negócio: Palmeira Jussara Armazenamento da Lu
Local: Rio de Janeiro 

A palmeira jussara é uma espécie ameaçada em extinção por conta da exploração predatória do palmito. Porém, a árvore também produz um fruto, muito semelhante ao fruto do açaí da Amazônia. O negócio se propõe a produzir mudas e sementes de jussara e fazer o beneficiamento da semente, produzindo polpa, sorvete e sucos a partir da jussara. Além disso, trabalha no entorno de áreas protegidas e em comunidades indígenas e quilombolas na restauração florestal com enriquecimento da palmeira jussara. 

Chocolate sustentável a partir de agroflorestas regenerativas 
Negócio: Chácara das Sucupiras
Local: Bahia 

No sul da Bahia, a produção convencional de cacau a pleno sol tem resultado em perdas florestais e desequilíbrio ecológico. Mas já uma forma tradicional e sustentável de se produzir cacau criada nessa mesma região: a cabruca.  O Sistema cabruca é uma produção de cacau junto com floresta na Mata Atlântica, em um modelo semelhante aos Sistemas Agroflorestais. A Chácara das Sucupiras produz cacau e chocolate orgânico em sistema cabruca, se tornando referência na agricultura orgânica e biodinâmica certificada. 

Produção de leite e alimentos por meio de pastagens agroflorestais 
Negócio: Mangalô Agroflorestal 
Local: Minas Gerais 

A Fazenda Mangalô desenvolveu um modelo premiado de integração da atividade pecuária com as agroflorestas. Chamado de pastagens agroflorestais, o modelo permite restaurar áreas de pastagem degradada, melhorar a produtividade da pecuária leiteira e promover emprego e renda no campo. A empresa atua em Minas Gerais, maior produtor de leite de país, e busca ampliação de viveiro de mudas e capacidade de produção para trabalhar com produtores rurais locais na restauração. 

Tecnologia, gestão e escala para produtores que recebem PSA  
Negócio: MV Gestão Integrada 
Local: Espírito Santo 

Desde 2021 o Brasil tem uma lei nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), e o estado do Espírito Santo é um dos pioneiros nesse tipo de mecanismo a partir do programa Reflorestar. Porém, acessar recursos de PSA nem sempre é simples para o produtor rural. A MV trabalha com modelos de gestão e tecnologia para fazer a ponte entre a política pública e o produtor rural, garantindo que recursos de Pagamentos por Serviços Ambientais cheguem na ponta e financiem a proteção e restauração dos ecossistemas. 

Promovendo a sociobiodiversidade a partir da pimenta-rosa 
Negócio: COOPEARP 
Local: Alagoas 
Na foz do rio São Francisco, em Alagoas, produtores e extrativistas se organizaram na Cooperativa EcoAgroextrativista Aroeira de Piaçabuçu. O objetivo da cooperativa é produzir e processar frutas da Mata Atlântica na região, sempre de forma sustentável e agroecológica. A primenta-rosa é o carro-chefe da cooperativa, que também produz geleias, licores e outros produtos. Mais importante ainda, ela presta serviços de implantação de sistemas agroflorestais e venda de mudas e sementes, possibilitando ampliar a produção agroecológica na região. 

Excelência de todos os participantes da Aceleradora 

Apesar de o programa ter uma limitação de escolher apenas cinco para a segunda fase, é inegável que todos os negócios selecionados tiveram grande desempenho no programa.  

Oficina durante encontro presencial da Aceleradora de Negócios Florestais

Iniciando por um evento presencial em Socorro, interior de São Paulo, onde os empreendedores se conheceram e trocaram experiências, passando por oito semanas de treinamento intenso. Foram trabalhados temas cruciais para qualquer empresa, como plano de negócios, comunicação, gestão de pessoas, financiamento e precificação, além de temas específicos para negócios florestais, como governança, investimento ESG e mercado de carbono.  

Todas as organizações participantes atingiram índices exemplares de crescimento, engajamento e participação. Ao final da primeira fase, um Pitch Day permitiu que cada um dos empreendedores apresentasse seu modelo de negócios e diferenciais para investidores de impacto. Dessa forma, o programa consegue ampliar as possibilidades de investimento e financiamento mesmo para os negócios que não foram contemplados na segunda fase.  

A Aceleradora de Negócios Florestais 

A Aceleradora de Negócios Florestais é um programa de treinamento, capacitação e mentoria de empreendedores da cadeia da restauração e de agroflorestas na Mata Atlântica.  

Ela é parte da iniciativa global The Land Accelerator, que já possui uma valiosa rede de negócios e oportunidades de investimento que está atuando na África, América Latina e Sul da Ásia. Mais 190 empreendedores de 46 países já participaram para aprimorarem seus negócios florestais. 

No Brasil, a Aceleradora é organizada por WRI Brasil, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, WWF-Brasil e Quintessa. O programa conta com apoio da Salesfoerce.