BELÉM, BRASIL (8 de agosto de 2023) — Hoje, oito países da Bacia Amazônica divulgaram uma nova declaração pública em que adotam uma visão unificada para proteção da floresta.

Às vésperas da Cúpula, cerca de 300 líderes de 100 organizações sediadas ou com atuação na região amazônica, apoiadas pela Conservação Internacional (CI), pelo World Resource Institute (WRI) e por diversos parceiros, entregaram para os chefes de Estado e ministros dos países amazônicos um conjunto de recomendações em prol da criação de uma rede panamazônica e de um plano de trabalho sobre bioeconomia.

Recentemente, o WRI ainda lançou um estudo apontando que, com ações adequadas, o fim do desmatamento na Amazônia brasileira não atrapalha seu desenvolvimento, mas sim cria novos empregos, provoca um aumento do PIB, melhora a vida de suas comunidades e torna possível alcançar as metas climáticas.

Um estudo prévio da Conservação Internacional, o Roteiro exponencial para soluções climáticas naturais, revelou que não há alternativa para um futuro com segurança climática sem impedir o desmatamento e outras atividades que deterioram a floresta amazônica.

A seguir, declaração de Adriana Lobo, Diretora Geral de Presença Global e Ação Nacional do WRI:

“A Cúpula nos deixou com muita esperança de que os países amazônicos estejam se unindo por um melhor caminho para a floresta e seus habitantes, impulsionando um movimento global por uma economia mais sustentável.

Nós não temos tempo a perder. A Amazônia está chegando a um ponto de não retorno que precisamos evitar. Não apenas por questões ambientais, mas por causa dos 47 milhões de pessoas que vivem na região e que enfrentarão duras consequências se não o fizermos – de fazendeiros perdendo sua produção a povos indígenas perdendo suas terras e culturas.

Os países destacaram as ideias e princípios para virar o jogo na Amazônia. Eles reconheceram a necessidade de evitar o ponto de não retorno com o esforço coletivo – por meio da expansão da restauração florestal e da bioeconomia como forma de produção sustentável, migrando para uma agricultura de baixo carbono e um modelo baseado em energias limpas.

A Declaração de Belém é um importante primeiro passo. Agora os países amazônicos precisam colocar essas ideias em prática – criando um plano com ações específicas, políticas públicas e marcos temporais. E uma estratégia para a atração dos investimentos necessários para tornar isso realidade.

Uma nova e mais forte economia para os países amazônicos não apenas é possível, mas vital para melhorar as condições de vida de seus habitantes e proteger a floresta, beneficiando toda a humanidade.”

Declaração de Rachel Biderman, Vice Presidente Sênior na Conservação Internacional:

“A Declaração de Belém é um compromisso importante das lideranças públicas, evidenciando um caminho para evitar o ponto de não retorno da Amazônia. Mas a maneira como a Cúpula será lembrada depende, em última instância, do que será feito a seguir. Nós precisaremos trabalhar em cooperação plena, com transparência total, para direcionar recursos para a região. Teremos que estabelecer metas intersetoriais específicas, com um cronograma rígido.

Precisaremos seguir a liderança dos povos tradicionais, povos indígenas, afrodescendentes e outras comunidades locais, que são os guardiões da floresta. Seus direitos e necessidades devem ser prioridade. Não há poucos desafios a serem enfrentados – com a colaboração como um dos principais. A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) vai desempenhar um papel importante nesse sentido, mas vai precisar da ajuda de outros parceiros. Além disso, os mais de 40 milhões de habitantes que precisam ter acesso à educação, saúde, segurança alimentar e mais devem ser o foco principal.

Há ainda muitas perguntas por responder. Mas algo se tornou claro nesta Cúpula: Não há mais tempo a perder ou agendas a serem adiadas. Qualquer coisa menor que a ação imediata e transformadora vai nos deixar sem floresta em pé, ameaçando a saúde global e das comunidades que dela dependem.”