O G20, composto pelas maiores economias do mundo, emitiu a Declaração de Líderes do G20 de Nova Delhi, que enfatiza a importância da cooperação entre os países do grupo para enfrentar desafios globais como a crise climática. 

A declaração ocorre logo após o lançamento do Relatório de Síntese do Balanço Global do Acordo de Paris, que oferece a visão mais detalhada de como estão os esforços de ação climática desde a assinatura do acordo, em 2015, assim como um roteiro para alcançar as metas. 

O encerramento da cúpula também simbolizou a troca na presidência do G20, com o Brasil assumindo oficialmente a partir de dezembro. A proposta do presidente Lula de aproximar as agendas de redução das desigualdades, especialmente o combate à fome e à probreza, com a de enfrentamento das mudanças climáticas é uma sinalização positiva do mandato brasileiro. 

A seguir, o posicionamento de Ani Dasgupta, Presidente e CEO do World Resources Institute: 

"O mundo está em chamas, as pessoas estão passando fome e não estamos a caminho de atingir as metas climáticas. O grupo de países do G20, responsáveis pela maior parte da riqueza e das emissões do mundo, é vital para mobilizar a vontade política e o financiamento necessários para enfrentar essas crises globais.  

Se levarmos em conta que há poucos dias o verão no hemisfério norte foi confirmado como o mais quente já registrado, há uma enorme desconexão entre o que o mundo precisa e o que as maiores economias do mundo estão entregando. 

Há alguns sinais positivos, que agora precisam se traduzir em ações mais significativas. Os países se comprometeram a buscar o desenvolvimento de baixo carbono e resiliente ao clima, construir sistemas alimentares mais sustentáveis, restaurar ecossistemas degradados, conservar florestas e o oceano e implementar plenamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Eles apoiaram uma transição para a produção e consumo sustentáveis com o objetivo de reduzir as emissões, como por exemplo a Iniciativa Lifestyle for Environment (LiFE), liderada pela Índia. Eles destacaram a aceleração da produção de hidrogênio verde, que será importante para descarbonizar setores críticos, desde que os países adotem padrões rigorosos para garantir que o hidrogênio não seja produzido a partir de combustíveis fósseis. E os compromissos de aumentar a participação de mulheres e seu poder de decisão nas iniciativas climáticas, bem como de promover soluções de segurança alimentar para e pelas mulheres agricultoras, são passos bem-vindos. 

No entanto, os países também não foram longe o suficiente em relação a financiamento e combustíveis fósseis. A declaração chama a atenção para a escala de financiamento climático urgentemente necessária e apoia fortemente os apelos para tornar as instituições financeiras internacionais mais sensíveis às necessidades dos países em desenvolvimento. Mas o G20 precisa adotar novas ações concretas para enfrentar a grave falta de financiamento e as crises econômicas que os países vulneráveis ao clima enfrentam. Os países também precisam fazer uma transição rápida de combustíveis fósseis para energias renováveis, que agora são mais baratas na maior parte do mundo, se quiserem cumprir seus compromissos. 

A próxima Conferência do Clima da ONU (COP28) é uma oportunidade para esses países avançarem. O recém-lançado Relatório de Síntese do Balanço Global do Acordo de Paris mostrou aos países o caminho para fazer acontecer. Eles devem se comprometer a triplicar a energia renovável e aumentar significativamente o transporte livre de combustíveis fósseis, transformar nossos sistemas alimentares, fortalecer a resiliência e fornecer o financiamento que os países vulneráveis ao clima precisam. 

As ações deste grupo de países determinarão o nosso futuro. Com o Brasil e o Presidente Lula assumindo a próxima presidência do G20, esses países devem acelerar a escala e o ritmo das mudanças, demonstrando a liderança que o mundo precisa para o clima, a equidade e a segurança alimentar."