NOVA YORK (20 de setembro de 2023) — A Cúpula da Ambição Climática da ONU se encerrou nesta quarta-feira (20) na sede das Nações Unidas em Nova York, Estados Unidos, com chefes de estado e líderes mundiais discursando, mostrando progressos e anunciando novos compromissos com a ação climática. A cúpula aconteceu na esteira de uma marcha nas ruas de Nova York onde milhares de pessoas se uniram para demandar o fim dos combustíveis fósseis.  

Acontecendo em paralelo à Semana do Clima de Nova York, à Cúpula dos ODS e à Assembleia Geral da ONU, a Cúpula da Ambição Climática é um importante marco no caminho para a COP28 em Dubai. Lá, os países decidirão a resposta que será dada ao Balanço Global do Acordo de Paris para manter viva a meta de conter o aquecimento a 1,5°C. 

A seguir, o posicionamento de David Waskow, diretor da Iniciativa Climática Internacional do World Resources Institute: 

“Os pequenos passos oferecidos pelos países são bem-vindos, mas são como apagar um inferno com uma mangueira gotejando. Há simplesmente um enorme descompasso entre o tamanho das ações que governos e empresas estão tomando e as mudanças sistêmicas necessárias para enfrentar a crise climática. 

“A Secretaria-Geral mostrou de forma clara como os países precisam apertar o botão de “fast foward” com sua Agenda de Aceleração. Alguns poucos países se uniram nessa agenda, mas muitos países-chave sequer tocaram no assunto. E alguns dos maiores emissores ficaram visivelmente ausentes desse debate. 

“A Alemanha aumentou seu compromisso de repor o Green Climate Fund, a Dinamarca mudou sua meta de emissões líquidas zero para 2045, e o Brasil se comprometeu a desfazer os retrocessos climáticos do governo anterior. 

“Fora da Cúpula, milhares de pessoas marcharam nas ruas demandando o fim dos combustíveis fósseis, empresas mostraram como elas estão reduzindo o desperdício de alimentos (apesar do progresso estar, em geral, atrasado), novos estudos destacaram o imenso potencial de soluções climáticas baseadas no oceano, e a presidência da COP corretamente elevou o papel das cidades na ação climática, anunciando a primeira Cúpula de Ação Climática Local, que acontecerá na COP28 este ano.  

“Todos os olhos estão agora na COP28. Os governos terão uma oportunidade histórica de corrigir a rota, fazendo a transição para uma economia melhor, que tire as pessoas da pobreza, gere bons empregos e energia limpa. Eles precisam usar os próximos dois meses para se unir em torno de um plano de resposta rápida ao Balanço Global, como se a vida das pessoas dependesse disso – porque na verdade, depende. 

“Na COP28, os países deverão se comprometer com o rápido abandono dos combustíveis fósseis - triplicando as energias renováveis e dobrando a participação de meios de transporte livres de combustíveis fósseis -, e com a transformação dos sistemas alimentares para cortar emissões e enfrentar a crescente crise de fome. Os países precisam operacionalizar o fundo de perdas e danos e se comprometer com países vulneráveis ao clima, por exemplo, dobrando o financiamento para adaptação até 2050 e cumprindo da meta de US$ 100 bilhões. 

“O ônus está especialmente com os países mais ricos e maiores emissores, que precisam ao mesmo tempo cortar drasticamente suas próprias emissões e mostrar solidariedade aos países vulneráveis ao clima.”