Diferentes contextos urbanos podem compartilhar a mesma perspectiva para o futuro: desenvolver projetos de Ruas Completas e investir na mobilidade de baixo carbono. A partir de hoje (26), com a meta de disseminar boas práticas de mobilidade, dez cidades pré-selecionadas formam a Rede Nacional para a Mobilidade de Baixo Carbono: Niterói, Porto Alegre, João Pessoa, Campinas, Joinville, Salvador, São Paulo, Juiz de Fora, Recife e Fortaleza, além do Distrito Federal.

A Rede, coordenada pelo WRI Brasil, em parceria com a Frente Nacional de Prefeitos e apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), foi lançada nesta tarde no IV Encontro dos Municípios como Desenvolvimento Sustentável (EMDS) com o objetivo de promover a disseminação de boas práticas e a discussão de políticas públicas relacionadas à mobilidade urbana de baixo carbono. Ao longo do ano, o WRI Brasil apoiará as cidades da Rede no desenvolvimento de projetos de Ruas Completas. Esse conceito define as ruas desenhadas para garantir acesso seguro a todos os usuários – pedestres, ciclistas, usuários do transporte coletivo e motoristas – a partir de elementos de desenho urbano, mobiliário e infraestruturas que melhoram as condições de segurança e acessibilidade.

Luis Antonio Lindau

“Esse projeto resulta do que aprendemos com a população ao longo dos últimos anos: precisamos construir cidades e espaços urbanos que promovam a convivência. O que nos fez chegar até aqui é nosso desejo de mudar a realidade e investir em cidades voltadas para as pessoas. Nós somos movidos por isso”, declarou Luis Antonio Lindau, diretor do programa de Cidades Sustentáveis do WRI Brasil (à direita).

O lançamento aconteceu em uma estrutura especial que simula em tamanho real uma rua completa. O espaço é resultado da parceria entre FNP, Sinaenco, Sobratema e WRI Brasil e foi construído para oferecer às pessoas a oportunidade de experimentar e conhecer a sensação de estar em uma Rua Completa. “Esse espaço mostra que é possível priorizar a mobilidade humana e que as ruas podem, sim, ser compartilhadas entre todos os usuários, independente do meio de transporte”, avaliou o presidente da Sinaenco, José Roberto Bernasconi.

Junto ao presidente da Sobratema, Afonso Mamede, Lindau e Bernasconi percorreram a estrutura da rua, comentando alguns dos elementos que podem compor um projeto de rua completa.

Mobiliário urbano.

Paraciclo.

Sinalização e via compartilhada.

(Fotos: Mariana Gil/WRI Brasil)

Ruas Completas visam ao desenvolvimento urbano orientado para a mobilidade de baixo carbono. Em outras palavras, trata-se de construir cidades e espaços urbanos que priorizem os deslocamentos a pé e de bicicleta, que não emitem gases de efeito estufa. Não existe um modelo de Rua Completa ideal: cada uma evolui a partir de uma série de fatores locais que influenciam o desenho final, como tipos de usuários, uso do solo existente e planejado, desejos da comunidade e orçamento disponível. Conheça abaixo os elementos que podem ser contemplados por um projeto de rua completa:

  • nivelamento da via com as calçadas;
  • medidas moderadoras de tráfego;
  • acessibilidade universal;
  • sinalização clara e orientada ao pedestre;
  • mobiliário urbano (lixeiras, bancos, postes de iluminação etc.);
  • faixas de segurança;
  • estreitamento das travessias e ilhas de refúgio para pedestres;
  • diminuição da oferta de estacionamento gratuito para carros;
  • ciclovias e/ou ciclofaixas;
  • faixas de ônibus;
  • acesso facilitado aos pontos de parada do transporte coletivo.

Tanto a iniciativa lançada hoje (26) quanto a estrutura construída no IV EMDS mostram às gestões municipais um caminho para transformar as cidades. Investir em Ruas Completas é uma forma de tornar o espaço urbano mais eficiente, acessível e seguro para as pessoas. E cada cidade pode criar sua Rua Completa de acordo com suas condições e necessidades: “O modelo de rua completa varia conforme a via – pode ou não haver um corredor de ônibus, a redução de velocidades ou a instalação de ciclovias. O que sempre tem de estar presente em uma rua completa é a priorização dos pedestres. Três elementos são essenciais para isso: o espaço precisa ser confortável, seguro e interessante para as pessoas que caminham”, comentou Paula Santos, coordenadora de mobilidade urbana e acessibilidade do WRI Brasil.

rua completa

Elementos de uma Rua Completa (Fonte: WRI Brasil)

Também participaram da cerimônia de lançamento Ani Dasgupta, diretor global do WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis; Rachel Biderman, diretora executiva do WRI Brasil; Rejane Fernandes, diretora de relações estratégicas; e Marcio Lacerda, presidente da Frente Nacional de Prefeitos, que encerrou o lançamento. "Essa parceria representa as novas iniciativas que vem tomando forma no Brasil para qualificar as nossas cidades. Que o projeto apresentado hoje venha para transformar a mobilidade e dar força à revolução urbana que vemos em todo o mundo", afirmou o ex-prefeito de Belo Horizonte.

Representantes de WRI Brasil, Sinaenco, Sobratema, FNP e das cidades pré-selecionadas para a Rede Nacional da Mobilidade de Baixo Carbono (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil)


As atividades do WRI Brasil no EMDS são apoiadas por: CIFF (Children's Investment Fund Foundation), Stephen M. Ross Philanthropies, ICS (Instituto Clima e Sociedade), Fedex Express, Arconic Foundation, BMZ (Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha), GIZ, Citi Foundation, Centro de Excelência ALC-BRT e UNEP.