O Brasil tem uma grande dívida com suas florestas: mais de 100 milhões de hectares degradados, segundo a Embrapa. É o mesmo que os estados de Minas Gerais e Bahia juntos.

A degradação é geralmente causada por desmatamento e queimadas, que deixam o solo pobre, a produtividade agropecuária baixa e secam as nascentes dos rios. As pessoas mais afetadas são as que dependem das florestas e de seus serviços para sobreviver. Como resolver esse problema?

Hoje, o desmatamento e a agropecuária representam cerca de dois terços das emissões nacionais de carbono. Porém, por meio da implementação de boas práticas no setor e da restauração florestal, é possível reverter essa realidade sem abrir mão de ganhos econômicos.

Restaurar implica reabilitar uma área de vegetação que foi degradada, recuperando seu potencial ambiental. A restauração de paisagens e florestas pode transformar essas áreas em espaços mais produtivos e que melhoram o bem-estar das pessoas.


No vídeo abaixo, entenda como funciona esse processo:

 

Ganhos ambientais, sociais e econômicos

Plantar florestas ou deixar que elas cresçam de novo pode recuperar nascentes, deixar o ar mais limpo, a temperatura mais amena e diminuir a erosão do solo. Tudo isso ajuda a melhorar a produção e a competitividade da agricultura e da pecuária. As florestas também retiram carbono da atmosfera – e com isso ajudam a combater as mudanças climáticas.

Junto aos benefícios ambientais, estudos mostram que brasileiros e brasileiras podem ganhar dinheiro restaurando. Isso porque a restauração move uma economia de produtos da floresta, como a madeira legal, frutas, castanhas, resinas, essências, fibras e outros.

Existem vários modelos de restauração florestal. Na cidade de Juruti (PA), à beira do Rio Amazonas, famílias estão implementando unidades demonstrativas de agrofloresta, técnica de restauração que mistura lavoura e floresta. Trata-se de um modelo de restauração que ajuda as comunidades a produzirem de forma sustentável, diversificando os produtos para garantir a segurança alimentar, e investindo em agrofloresta, que gera retornos financeiros e ecológicos ao mesmo tempo. Em Pintadas (BA), a produção com espécies nativas contribui para a restauração da Caatinga e gera fonte de renda para produtoras e produtores locais.

Casos de sucesso de restauração no Brasil

O Parque Nacional da Tijuca é um dos exemplos mais antigos. A restauração começou em 1860 e continua até hoje. O processo melhorou o abastecimento de água no Rio de Janeiro e evitou a extinção de pássaros e mamíferos.

Na cidade de Extrema (MG), um programa ambiental ajuda produtores rurais com o plantio de mudas, a conservação do solo e mostra que é possível conciliar restauração e desenvolvimento econômico. Além disso, melhorou em qualidade e quantidade a água que abastece a maior cidade brasileira, São Paulo.

O Projeto VERENA, do WRI Brasil e da União Internacional para a Conservação da Natureza, tem exemplos de oportunidades de negócio com a restauração e o reflorestamento com espécies arbóreas nativas e sistemas agroflorestais.

Vocação florestal

Diante dos desafios impostos pelas mudanças no clima, o Brasil tem uma enorme responsabilidade. Pelas proporções de seu território (quinto maior do mundo em extensão), pela cobertura florestal (lar da maior floresta tropical do planeta e de uma biodiversidade que contempla 20% das espécies existentes no mundo), pelos recursos naturais abundantes, mas também pelas emissões (hoje somos o sétimo maior emissor) e pelo desmatamento, o país precisa ser uma liderança.

A restauração é uma estratégia para combater as mudanças climáticas. Nosso país se comprometeu a restaurar 12 milhões de hectares até 2030 – uma área quase do tamanho do estado do Ceará. Poucos países têm a vocação florestal do Brasil. Precisamos olhar para as oportunidades da restauração de nossas florestas.