O Brasil é um dos dez maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) do mundo, contribuindo para o aumento dos impactos das mudanças climáticas. As emissões brasileiras concentram-se principalmente nos setores de Agropecuária e Mudança do Uso da Terra e Florestas.

Em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) – o compromisso do país para reduzir emissões no Acordo de Paris –, o Brasil comprometeu-se a reduzir as emissões de GEE em 37% em 2025 e 43% em 2030, ambos em comparação aos níveis de emissão de 2005. Além disso, adotou como meta a restauração e o reflorestamento de 12 milhões de hectares de florestas e a restauração adicional de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030, além do incremento de 5 milhões de hectares de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas (iLPF) no mesmo período.

O país tem uma grande oportunidade de reduzir emissões. Um recente estudo mostrou que uma transição para uma economia de baixo carbono pode gerar empregos e aumentar o PIB do país. O setor de floresta e agrofloresta pode se beneficiar dessa transição, contribuindo para a redução de emissões. A Ferramenta de Cálculo para Balanço de Emissões de Gases de Efeito Estufa em Florestas e Sistemas Agroflorestais no Brasil (GHG Protocol Florestas e SAFs) auxilia produtores e empresas a estimarem as emissões e remoções de GEE de suas atividades produtivas e melhorar a gestão e eficiência de seus negócios, podendo inclusive aumentar sua produtividade e reduzir seus impactos ambientais.

A partir da quantificação de emissões e remoções de GEE em suas atividades, os produtores poderão gerir, de forma estruturada, seu impacto em relação às mudanças climáticas, justificar investimentos de baixa emissão e dar um passo a mais para garantir que seus produtos sejam mais sustentáveis.

A ferramenta vem ao encontro do aumento de requisitos relacionados aos critérios de ESG (Environmental, Social & Governance – Meio Ambiente, Social e Governança) de novos investimentos, contribuindo para a verificação e validação dos quantitativos de emissão e remoção enquanto estratégias de baixo carbono.

GHG Protocol

A ferramenta faz parte do GHG Protocol, um pacote de padrões, orientações, ferramentas e treinamentos para que empresas e governos mensurem e gerenciem as emissões antropogênicas responsáveis pelo aquecimento global. Criado por uma parceria entre o World Resource Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), o GHG Protocol abrange padrões de contabilização de emissões e remoções de GEE para cidades, setor corporativo, cadeia de valor, agropecuária, ciclo de vida do produto, entre outros. Os protocolos são, em sua maioria, desenvolvidos de forma mais abrangente, e são adaptados em diversos países para a realidade nacional de cada um.

Desenvolvido para a realidade do Brasil, o GHG Protocol Florestas e SAFs contém fatores de emissão adequados ao cenário do país e foi baseado em publicações e estudos brasileiros. A ferramenta é organizada por tipos florestais, incorporando plantações homogêneas de eucalipto, pinus e paricá, plantações heterogêneas (plantio multidiverso de espécies tropicais nativas e exóticas para uso madeireiro) e sistemas agroflorestais (SAFs), compostos de 307 espécies.

Potencial para restaurar paisagens

O setor agroflorestal brasileiro tem o desafio e o potencial de restaurar paisagens, gerar riquezas e produzir de forma sustentável, agregando redução de emissões como um de seus diferenciais. A ferramenta ajuda a compreender e corroborar que práticas de baixo carbono são aliadas do setor e podem colaborar para atingir investimentos e ampliar o mercado consumidor, validando práticas sustentáveis já aplicadas ou provocando a adoção de novas práticas de redução de emissões e aumento das remoções de GEE.